quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Meu Coração Amazônia




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Tinha eu por volta dos 8 a 9 anos, quando a minha professora convida-me para participar de uma encenação teatral representativa das raças originárias da miscigenação do nosso país. Ela quis determinar a escolha de cada criança pela adequação que ela imaginava sobre cada raça que compõe a população brasileira, ou seja: uma criança loura representaria a raça branca; uma negra representaria a a raça negra; morena, cabelo escorrido, representaria a indígena; a mestiça, alguém que lhe parecesse mais adequada a representar a cor mestiça. Daí ela ordenou que eu fosse da raça branca, fez isso com entusiasmo na voz, como se tivesse me premiando a ocupar o pódio vencedor. Inesperadamente surpreendida com a minha recusa em  participar do mural, ao lhe dizer que só participaria se eu fosse a índia e não a branca, ficou muito desconsertada com a minha atitude. O inusitado da situação foi a expressão facial da professora, ela totalmente incrédula sobre a minha teimosia em querer ser índia, e não branca, na encenação.Visivelmente Irritada, fez uma pressão enorme sobre mim, para me convencer que a opção de ser branca era superior, valorizada e almejada por todos. Quando ela argumentada, usava do recurso da pausa na fala,  para provocar em mim o efeito de assimilar as suas informações. Eu, bem plácida e irredutível, na minha certeza de só querer ser a índia no mural. No final, ela bastante brava com o fracasso da subjugação e eu  acompanhando-a na dança da irritação, para, finalmente, carimbar que não iria participar de nada, se eu não fosse a índia.  Ela  me deu um bilhete intimando a minha mãe comparecer comigo numa reunião marcada por ela.

Chegando em casa, entreguei o tal do bilhete para minha mãe, sem comunicar nada do ocorrido na escola com a professora. Noutro dia, a minha mãe compareceu e escutou toda argumentação da educadora. Com a objetividade característica da minha mãe, ela perguntou à  Mestra se a atividade era obrigação curricular, ela disse que não, que era um evento facultativo a cada criança que quisesse participar. Prontamente minha mãe comunicou à professora que respeitava a vontade de sua filha não participar deste evento.

Na volta à casa, minha mãe somente me fez uma pergunta – Por que eu queria ser a índia?
Eu lhe respondi: Porque os índios são livres, amam a natureza, tomam banho de rio e cachoeira e moram na Floresta Amazônica.
Minha mãe não disse nada, somente fez aquele olhar (um olhar com o sorriso explodindo nos olhos! ...).



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Ingrid Tusell. 















                           


quinta-feira, 1 de novembro de 2018

A Suavidade da Gentileza








Eu sou a poesia pura
Em cada gesto
Do meu infinito
Por dentro!

A dureza áspera,
Na plasticidade da realidade,
Cria vácuos
A arranhar na minha alma
O estrondo de dores da vida...

A tatuagem da vida
Numa perplexidade,
Paralisa as emoções temporariamente.

Os mistérios que passeiam nos meus olhos,
Seguem as batidas
De um coração
Que é refratário à
Desumanidade.

Ficarei sempre por opção
Na suavidade de uma Gentileza!


Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: do Google (não encontrei o nome do autor(a))