domingo, 27 de setembro de 2015

Lenine e Richard Bona...




                           
                                     
                                         Para escutar, sentir e não esquecer:

                                Lenine e Richard Bona!

                                Beijos e Abraço de paz...


sábado, 19 de setembro de 2015

Belas Paisagens na Cabeça...













 Quando pequenina, sempre visitava o meu padrinho; uma casa com quintal e muitas frutas; um aroma de liberdade; um jardim de “coisas preciosas” que o meu padrinho cuidava.

 Ele gostava também de ficar pintando ao ar livre no quintal, enquanto nós crianças corríamos com as nossas brincadeiras e barulhos. Eu gostava de parar e olhar o que ele pintava. E também gostava de fazer perguntas (até nisso era diferente dos outros adultos), ele gostava de responder. Sempre sorrindo dizia:
-As suas perguntas são encantadoras (eu já sabia que encanto era bom) e sempre pergunte minha querida!
Então eu aproveitava, já que não era fácil encontrar um adulto que gostasse de responder.
-Padrinho, o senhor pinta o quê?
-Paisagens...
-Mas, esta paisagem é de noite, estamos de dia!...
-Sim. Estas paisagens que eu pinto são da minha cabeça.
Fiquei muito animada de saber que podemos pintar paisagens da nossa cabeça e quis saber como poderia, tinha vontade de conhecer todo o processo dessa brincadeira...
-Quando eu vejo uma noite com lua, eu fotografo (registro) na minha cabeça para pintar. Tenho uma coleção de imagens aqui dentro (apontando para sua cabeça)...
-Agora eu vou guardar as minhas imagens também. Pode ser do mar, padrinho?
-Sim, eu tenho as minhas imagens do mar; tudo que for belo na natureza. Cada momento do dia é belo.
Foi quando ele riu bastante e acho que gostou muito da minha conclusão.
-Padrinho, guardando as imagens na nossa cabeça, ficamos donos delas e podemos, quando quiser, colocar para fora...
-Sim, as nossas ideias, nossas imagens devem ter a liberdade de ser colocada para fora. Eu escolho pintar as minhas paisagens da noite nesta hora do dia, com vocês fazendo música...
-Esses gritos da gente é música?
-Sim. Vocês cantam a alegria de Ser.
-Agora que eu aprendi colecionar imagens na cabeça, vou cantar, pois ainda não sei pintar...
E ele sorria... Acho que eu ensinei o canto da alegria para ele.

Passamos meses sem visitar o meu padrinho: percebia que quando o nome dele era pronunciado, havia uma tensão; um medo que eu não entendia. Ele era o único adulto que ficava encantado com as minhas perguntas. Fiquei guardando todas elas na minha cabeça, para que um dia ele respondesse. Demorou muito chegar aquele dia (para mim foi "uns quinhentos anos"), quando a minha mãe disse que meu padrinho estava com saudade de mim e tinha voltado da viagem. Pensei com meus botões: que viagem longa, ele deve ter atravessado o mar... Ele estava tão magro, mais do que sempre foi e me contou que na viagem adoeceu, por isso estava tão feio e cansado. Percebi o seu cansaço e resolvi não lhe fazer as perguntas que guardei. Achei melhor fazer música da alegria; segurando a sua mão; as minhas pequenas mãos na dele; eu contando histórias e ele sorrindo, sentindo a música da alegria...

Com meus dezesseis anos, descobri que o meu querido e admirado padrinho era um comunista atuante e "aquela viagem longa" fora sua prisão na ditadura militar. Torturado e  incapacitado de “colocar para fora” as suas paisagens colecionadas a serem pintadas na tela... Mas, ele, muito valente e consciente de suas ideias de liberdade, igualdade e humanidade não permitiu que fossem machucadas, roubadas, manchadas, mesmo que o seu corpo tivesse sido destruído. Ficaram guardadas na sua mente passeando pelo desejo de uma sociedade justa e igualitária. Neste mesmo ano fui para passeata das Diretas Já. Na avenida era um mar de pessoas cantando o hino nacional, de mãos dadas para volta da Democracia, da liberdade de expressão. Guardei aquela imagem em homenagem ao meu padrinho. Como não sei pintar, não sei fazer música, deixei que as minhas palavras exaltassem a liberdade de Ser: cantasse, desenhasse esta historia para ti padrinho, como um gesto de gratidão por esta Democracia que vivemos agora, enquanto tu morrestes lutando por ela... 




Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Chelin Sanjuan.



"Crônica é um relato? É uma conversa?
   
   É um resumo de um estado de espírito?

   Não sei..." ( Clarice Lispector) 





sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Elis Regina- Trem Azul...





                           

                              A estrela maior: Elis Regina!!
    
                              "E o sol na cabeça..."

                              Vamos colher alegria e inspiração

                              Todo poeta tem um sol na cabeça...

                              Beijos e Abraço de paz!

domingo, 13 de setembro de 2015

Clarice Lispector mora em mim...







Clarice?

Moras em mim,

bem perto,

coração e mente,

juntos no diálogo:

com palavras soltas,

que correm em busca da criação,

sem nenhuma perfeição,

sem nenhum critério,

sem nenhuma armadura de sofisticação,

sem nenhuma pretensão de eternidade.

Liberdade cheirando a natureza...

Solidão escolhida,

bem escolhida,

dias sim,

dias sim

bem dentro de mim.

Clarice Lispector?

Minha companheira das aventuras imaginárias,

escrita nas páginas da vida,

com seus mistérios intactos,

enigmas,

fatos,

relatos.

O oculto permanece,

em rosas vivas de um coração que sangra,

mas brilha,

um brilho único de renovação.

A menina que "roubava rosas com cem anos de perdão"

morou sempre na mulher gigante da criação.

Seguindo os teus passos,

não me separo da minha menina sorridente,

que brinca, distraidamente pelos dias...

Clarice,

obrigada por cada palavra tua lida,

sentida,

entendida,

assim de mãos dadas contigo,

estrangeiras do mundo,

das formas,

do padrão...

Corro na loucura do banho de chuva,

depois na segurança dos meus lençóis,

mergulho nos sonhos,

só meus,

e de mais ninguém.

Carrego o universo sem peso,

com a leveza de quem está de passagem,

Passagem...


Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Lidia Wylangowska.





Conselho: Ler Clarice Lispector faz bem para mente,

coração e alma. 




segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O piano a minha alma toca...








O piano

toca a (em) minha alma.

Cada tecla acorda

a minha música adormecida

o meu ritmo esquecido

o meu tempo passado

num único sentido.

A música em mim:

Transcendente

Etérea

Translúcida,

infinitamente plena;

acoplando todas as

minhas horas

essenciais.


Que fascínio é esse,

o piano, que

magneticamente

me captura?

Sugada pela melodia,

em música me transformo...


Não sei tocá-lo

mas, sinto como

se em mim

tocasse.

Como se todos os 

noturnos

me pertencessem.



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)


Vídeo: Yundi Li (Plays Chopin Nocturne op.9 no.2)


   

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Carta à minha Mãe









Hoje senti muita a tua falta, mãe.

Ontem também.

Os dias passam, mas,

não apagam o reflexo do teu olhar protetor

no caminho dos meus passos,

não esconde em mim, a emoção

da tua eterna lembrança,

dançando nos espaços do meu relógio interior.


Sabe mãe:

Construí um espaço alegre,

para que permaneças em mim.

Somei o teu senso de humor

com o meu

para olhar o mundo

sem mácula.


Quero agora te oferecer

as minhas rosas

que são as tuas também,

eternizando

o perfume do (nosso) amor...



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Alexei Antonov.


Dedicado à minha mãe (05/10 era o seu dia de aniversário).