Eu
Te vi da janela
Da minha alma.
Caminhavas,
Leve pluma,
Suave,
Feito
Um cavalo manso.
Chamava teu nome,
Mas,
O vento levava junto
O som da realidade
Barulhenta.
Tu,
No teu silêncio
Profundo eremita,
Não observaste
A minha presença
Que gritava à tua ausência.
Estranho te ver
Através da janela:
Os teus passos
Marcando uma distância
Que te leva
Onde o som da minha voz
Não chegará a ti.
Tentei
Através do pensamento.
Mas,
O teu silêncio profundo
De um mestre taoista
Não se distrai
Com mensagens aleatórias.
Aí,
Fui direto à linguagem do coração.
Chegando ao teu coração
Encontrei a minha presença
Tão enraizada
Que me senti em casa
E percebi que não precisavas te chamar:
Eu estava em ti.
Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)
Imagem: Obra de Alberto Pancorbo.
Dedicado ao meu marido Manoel Belo, meu
grande amor e parceiro na vida, de idéias,
projetos e profissão.