terça-feira, 16 de setembro de 2014

A Casa (Nua)







O presente sempre
Faz a chamada
Para o retorno à casa.
As lembranças impulsionam
Para a corrida do esconde-esconde,
Onde o passado tenta se apropriar,
Mas o seu espaço inexistente
Sedimenta o agora:
A verdade flutuante
Vestida dos afetos construídos.

A casa despida,
Vazia,
Ocupa o destino das horas.
Horas que fluem
Com a pretensão
De atingir a leveza
Do voo,
Nas asas luminosas
Da invisibilidade instantânea.



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)






21 comentários:

  1. Primoroso, Suzete!
    O presente faz-nos esse apelo de volta a casa, o nosso lugar interior, a essa volatilidade de interligação entre o agora que nos é dado e o antes que se nos impõe através das lembranças cujo espaço de acontecimento desapareceu. Lembranças que não precisamos evocar porque não precisam de convite. Mas o passado já foi, e o presente será sempre essa "casa despida" que tenta projectar-se em leveza, numa verdade feita de tempo presente e do passado enquanto invisível percepção.
    Gostei muito das concepções temporais; um passado que se tenta prolongar pelas lembranças, e que nesse sentido é o "terreno" onde a partir do qual o presente (o agora) floresce e tenta voar.
    Como sempre, não sei se entendi, mas foi assim que entendi. A poesia também é feita pelo leitor. A do autor (autora neste caso), é uma mensagem aberta a uma multiplicidade de interpretações...:-)
    Uma bela imagem, também.
    Adoro ler-te, Suzete! Que poesia límpida!
    xx

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querida Laura,
      Muito obrigada por esta tua leitura e análise magistral!
      Concordo contigo,que a poesia é uma mensagem aberta a uma
      multiplicidade de interpretações,mas existem aqueles que percebem
      o essencial e o abrangente, o explícito e o implícito do poema e
      acredito que este entendimento não só se faz pelo intelecto,
      mas pelo o sentir. Minha amiga, como tu entendeste o
      poema e para mim, é uma honra ser lida por ti. Sabes,aquele
      sentimento maravilhoso de ser compreendida poeticamente
      assim,é uma é gestalt completa.
      Adoro ser lida por ti!
      Beijinho,minha irmã da poesia...

      Excluir
    2. Oh querida, obrigada. Compreendo esse sentimento de alegria interior de quando se é compreendido poeticamente. E é essa a possibilidade da grande partilha e o contentamento que pode proporcionar. E sim, a grande percepção das coisas tem mais a ver com a sensibilidade do que com o intelecto, embora este também lhe possa trazer algum acrescento...:-)
      xx

      Excluir
  2. Oi Suzete!

    A casa interior é nua (despida) de disfarces ao
    contato na intensidade luminosa de um instante. A vida é um instante
    e é bom a casa nua para o agora luminoso...
    Suzete, sinceramente a sua poesia é de excelência,mas este
    seu poema é o máximo da excelência e lhe digo, se eu
    estivesse escrito só este poema,ficaria satisfeito. Apesar de
    não ser poeta,pois não escrevo,mesmo apreciando e lendo
    muita poesia.

    Felipe (seu fã).

    ResponderExcluir
  3. Por mais que o passado se insinue, e que a casa do presente lhe pareça nua, não há espaço para acomodá-lo no hoje. Lembranças chegam mas têm estada curta, salvo se as abraçarmos, doentiamente, tentando reviver o que já foi esgotado em emoções.
    O aparente vazio do agora requer preenchimento com outras viagens ao desconhecido, pois já adquirimos experiência para o voo e para o pouso, riqueza que vem do movimento incessante da vida.
    Suzete, gosto muito quando sinto o que leio, ainda que de forma divergente da intenção do autor no momento da escrita. E é um prazer estar em seu espaço. Bjs.

    ResponderExcluir
  4. será que a casa está nua?!

    talvez esteja (de afectos) mas já esteve cheia e vestida.

    o presente sempre nos remete para o primordio de nós.

    o poema está belo e muito rico, embora à primeira leitura pareça ser muito simples.

    um beijo

    :)

    ResponderExcluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  6. Mas, deixemo-nos levar pelas águas de um sentir que nem a desolação consegue beliscar.
    bj

    ResponderExcluir
  7. E qual é o destino das horas?... E nesta dança de presente e lembrança, vamos vivendo e sonhando...

    beijo amigo

    ResponderExcluir
  8. Minha querida, sabes que volto sempre para me embrenhar no teu tempo, na tua casa e nos teus afetos.
    É excelente o teu discorrer poético!
    Um grande abraço de amizade.

    ResponderExcluir
  9. O presente se impõe quando os afetos estão sólidos e bem construídos.
    Um poema que ilumina nossa casa na bela metáfora do sentimento.
    beijinhos Suzete

    ResponderExcluir
  10. Já tinha lido o poema. Voltei para o comentar. Li e reli pelo encanto que dele emana. O que não me surpreende :)
    Vejamos: o passado existiu, foi vivido; e, sempre houve algo que nos moldou e que nos fez crescer em saberes; é, portanto, natural que haja momentos que desejássemos (re)viver; contudo, ele só se materializa pelas lembranças e, ainda assim, a memória delas pode "transfigurá-lo". Foi uma casa que se foi erguendo e à qual nos apegamos. Sem ele, também não teríamos o sustentáculo do presente, é verdade. No presente somos uma casa cheia e pura pelos sentires mais apurados e pela depuração do que já não interessa; fica a polpa, o sumo, como se costuma dizer por cá. Linda esta metáfora da casa, o Eu...
    (Sem a profundidade deste teu belo poema, lembrei-me de um meu - As casas com que me visto)
    Um encantamento, ler-te, querida Suzete.
    Meu beijo ::)

    ResponderExcluir
  11. Oi Suzete querida


    Lindo poema.
    Amei a imagem.

    Beijos
    Ani

    ResponderExcluir
  12. As nossas origens estão no passado.
    E isso pode provocar-nos uma sensação de vazio e, assim, no presente pode existir alguma insegurança quanto ao futuro.
    Em qualquer caso, o teu poema é brilhante. Parabéns pelo talento que conseguiste impregnar no poema.
    Tem um bom resto de semana, querida amiga Suzete.
    Beijo.

    ResponderExcluir
  13. As inquietações de quem se questiona e procura...

    Beijinhos

    ResponderExcluir
  14. OI SUZETE!
    NESTE VOLTAR À CASA, ESTÁ IMPLÍCITO NOSSA FIXAÇÃO PELO AGORA, ESQUECEMOS QUE, NOSSA HISTÓRIA SE ENCONTRA NO PASSADO QUE CONSTRUÍMOS E NOSSOS SONHOS, QUE NUNCA DEVEMOS ABANDONAR, ESTÃO NO FUTURO, OU NA ETERNA BUSCA, QUE É O QUE NOS IMPULSIONA PARA A FRENTE.
    BELO TEXTO, MUITO APROPRIADO PARA UMA BOA REFLEXÃO.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  15. Reli o teu poema e fiquei de novo encantado.
    Um beijo, querida amiga Suzete.

    ResponderExcluir
  16. Cerca de 1 semana depois (é o meu ritmo...) cá estou eu de novo...
    Espero que andes bem.
    Tem um bom resto de semana, querida amiga Suzete.
    Beijo.

    ResponderExcluir
  17. O passado faz daquilo que somos
    No presente
    Podemos sonhar, saltar mundos
    Mas não podemos fugir da verdade
    Que certamente o tempo atenua
    Ou será que podemos?
    Quem sabe…

    profundo teu poema

    Beijinho

    ResponderExcluir

Este é um espaço importante para você deixar inscrito:

A sua presença,

O seu sentir,

A sua leitura,

A sua palavra.

Grata por compartilhar este momento de leitura aqui!

Abraço de Paz!

Suzete Brainer.