terça-feira, 26 de abril de 2016

O Céu Continuará Estrelado?









Ela não sabia se o céu ficará estrelado junto com o brilho dos seus olhos alados aos sonhos. Tudo é irreal diante da cortina de fora, só dentro existe a nudez da verdade pura. Melhor fechar os olhos na companhia dos sonhos queridos, que passeiam pelo seu corpo.

Ficou acordada por dentro de suas ondas oníricas, navegando nos desejos de liberdade de horas nuas, inocentemente acesas, atingindo a sua alma numa doçura de brincadeira de criança travessa, escondendo o doce predileto.

Ela sabia que as páginas do livro, às vezes fecham num susto de um dia escuro, as pistas se escondem num amanhã sem certezas...

Continuou a buscar as estrelas no seu céu por dentro, antes que todas as nuvens rastreiem os seus sonhos feitos de cristal.

Afinal, na vida tudo é muito frágil e construir leva um tempo já gasto de realidade.




Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Lauri Blank.






quarta-feira, 20 de abril de 2016

Meu Grito Mudo Sobre a Violência...






Uma lâmina cortante dos minutos de inútil espera;
as palavras abortadas em sangue de uma liberdade roubada;
a violência gritada e anunciada como justiça pelo avesso,
e um refletor a exaltar a ignomínia dos torturadores.

A palavra despida de serenidade, a boiar na poça,
a lama deles refletindo no espaço
as partículas em desordem pela supressão democrática
de uma história perdida pelas ruas e avenidas da vida;
no céu escuro e claro de verdades e mentiras.
Mas o olhar sublime da consciência veste sempre
a alma pura e libertária de um coração valente...

Os covardes sempre gritam no belo circo,
com as suas máscaras coladas pelas suas ideias
tão envelhecidas,  retroalimentadas
e transvestidas de princípios morais de pura
violência em censurar a Liberdade!... 

O meu grito é mudo, inoperante e inofensivo:
São palavras sangradas
de uma poesia que não muda o mundo.





Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)





sexta-feira, 15 de abril de 2016

A Escultura da Alma











Palavra nua e crua
Ecoando no ventilador,
Os ruídos aniquilando o silêncio de dentro,
Guardados numa suave lavanda depois do banho.

A poeira dissolveu tudo num instante,
Entre a porta da frente
E a janela dos olhos.

Os pensamentos voltaram a girar
Nas borboletas feitas de sorrisos passados.

A folha do amanhã
Aberta para a tecla de novos passos...

Os olhos brilham
Sem a sombra da nostalgia do ontem.
Uma alegre conhecida se apossa:
A lucidez com aquela pitada
De ousadia, na contramão da tristeza envelhecida,
Com suas páginas amarelas a preencher
Inutilmente a morte das horas.

Algo não se deixa levar para a morbidez,
O Sol na pele arde
No chamado da vida,
Na urgência do sorriso transgressor
Sem rotina
Sem amarras
Sem garras
Sem brigas.

A paz boiando sobre o corpo
Na escultura da alma!...




Suzete Brainer (direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Lauri Blank 








segunda-feira, 11 de abril de 2016

O Poço Sem Espelho...











Ela fazia das raízes um colar de dias preciosos, junto com a certeza de sua mortalidade. O olhar sempre aberto, numa igualdade sem nome. As cores são para todos e cada um tem o seu tom e sua voz de música ou de silêncio.

O mar sempre foi o seu poço de mergulho sem fim; as águas mornas de um carinho tão abrangente e indescritível, que tudo fica menor diante do seu encantamento de águas marinhas, que lhe coloca palavras, até no silêncio...

Mas, existe um poço chamado saudade, que às vezes se joga e não encontra a resposta do espelho.

O tempo, este que deixa vagar como as nuvens de algodão doce, e a voz de sua mãe a lhe dizer o manual de colorir as roupas, antes que não resistam ao preto e branco de melancolia, alheia, sem nome.

Ela se lembra dos seus gatos; um amor tão sublime e lúdico, como brincar nas ondas do mar, numa ciranda de emoções que lhe trazem respostas.


O lúdico da vida não tem que se enferrujar com a contagem do tempo; deve ficar sempre nos olhos do encantamento, num passo do prazer genuíno de Ser!...



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Daniel Gerhartz.



terça-feira, 5 de abril de 2016

O Sol em mim Passeia...














Nos meus passos

Existe o sal do meu não saber.

O mel fica nos meus olhos

quando fazem a curva,

perto do meu infinito de dentro.


Meus cabelos carregam o Sol,

com as horas nascidas em mim,

sem pressa de morrer os minutos

acesos do meio-dia.


Em minhas mãos ficam os gestos

femininos das minha perguntas.

Toda a música que há em mim, 

sopra os meus desejos

de mares calmos e profundos,

verdes e azuis

de sorrisos aventureiros,

da minha margem.


Levo o meu pensamento num barco

com asas de pura esperança.

 O ontem se foi,

o agora é sempre o motivo

da presença, na minha casa nua...







Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Andrew Astroshenko.





domingo, 3 de abril de 2016

Na Esquina de um Triste Silêncio...












Hoje,

Por um minuto,

O avesso se aproximou;

Cambalhotas no meu estômago

E o doce derreteu sem Sol.


Um choro retido

De nuvens sem peso

Absorveu-me,

Congelando as palavras

De um passado sem dono.


Corri por dentro

Sem janelas do meu jardim.

Quase sufoquei, no espanto

De perceber a distância

Da minha alegria já escurecida,

Na esquina de um triste silêncio.


Nos meus olhos,

O vazio brincava de esconde-esconde.

Quando voltei à sala,

Lá estava a rosa no jarro

À minha espera.

Recobrei o sublime da minha alma.

No meu corpo ficou a leve dor da perda,

Bailando na minha pele

A saudade!...



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Vladimir Volegov.







sexta-feira, 1 de abril de 2016

Um Sonho Sutil de Eternidade...











Existe toda uma mansidão

Em mim,

Como asas abertas para o silêncio

No inverso da órbita do mundo.



Esta semana encontrei a minha amiga Garça,

Ela, patinando no mar,

Eu ao encontro do seu olhar,

Uma paz reconectada.



A minha admiração tocou suas asas

E voamos juntas na linha do Mar

Num pensamento de liberdade!...



Existe toda uma mansidão em mim,

Que se expande na minha Casa-Mar...

Sinto, ao acordar,

Que sempre passo pelo o meu portal:

O Mar aberto,

Num sonho sutil de eternidade!...







Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Image: Obra de Vladimir Volegov.