segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Ela Flutua na Leveza










    
Ela estava serena e delicadamente plena, se entardecendo nos seus sentires amanhecidos de saudade. Uma saudade com cheiro de hortelã mergulhado no chocolate amargo e quente...

Ela sabia da brevidade da vida, tudo deveria ser degustado em gotas de espanto e prazer. No espanto mora o inesperado e o prazer é um suspiro de beleza e verdade poética...

Ela não gostava de fazer planos de consumo, isso é empobrecer o encanto sutil do viver; o sonhar é tão perto (dentro do sentir) e buscar fora para carregar a mala de supérfluos, não lhe seduzia. Sempre precisou da leveza do desapego!....

Sempre quis o genuíno livremente. Ser inteiro de corpo e passeio na alma, impregnada de sorrisos aventureiros sem correntes que se apropriem da verdade do sentir...

Sempre acreditou na lealdade das mãos dadas na caminhada a dois. Na amizade dos olhos que se conhecem e dizem tudo. No silêncio partilhado na paz que abraça e na parceria do preto e branco das rotinas que não esmagam a sublimidade do prazer (solar) de se estar juntos.

Ela flutuava na leveza enquanto as palavras desfolhavam a sua singularidade na brisa do agora!...



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Daniel Gerhartz.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A Chuva Ilumina por Dentro...










   
       
Choveu tanto ontem.

Todas as janelas fechadas

E o teu nome passeando

Num lembrete do Sol que virá!...


As palavras mudas,

Escondidas no clarão que transcende a janela;

Algumas guardadas nas gavetas da memória;

Abertas e em desordem na prioridade do agora.


E o silêncio me acariciava

Na companhia meditativa

De o meu todo Ser...


A paz me absorvia

Numa ausência a

Respiração presente.

A chuva - música para meus ouvidos,

E o Sol, uma vaga lembrança

Adiada na dobra do dia seguinte...


A chuva ilumina por dentro,

Silenciando a sonoridade do Sol.

Pingos na minha janela,

Cristalizando a melodia da minha paz...


Deixo a janela aberta

E os pingos de cristais tocam

A escala da imprevisibilidade.

Todos os acasos se encontram.





Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Daniel  Gerhartz.








sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O infinito no Abraço




            
Há no Abraço

Uma montanha a ser escalada,

Bem cedinho, antes de o sol nascer,

Com os afetos quietos

              Recolhidos num sublime olhar,

Descansando o Mar à vista...


Gosto do embalo de um abraço!...


Ondas minhas a te percorrer,

             Plantando a minha paz

Na tua ansiedade e renovando o teu desejo

De passear pelas minhas planícies de rosas de fogo.


Gosto do embalo de um abraço:

A rede do afeto no doce da alegria do Dia!...


Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)



                                  

                                    Uma preciosidade para não ser esquecida!!



sábado, 2 de janeiro de 2016

Acolhedora dos meus Silêncios...












Ela, magrinha, com os cabelos lisinhos corte a La  Channel, com a neve pousada nos seus cabelos. Tinha as mãos, para mim um sinônimo de carinho, o maior cafuné do mundo...

A minha avó: Uma contadora de histórias; sábia nos conselhos sem intromissão; humor em cada frase e respiração. Grande mestra de um silêncio repleto de cumplicidade, carinho e cura...

Ficava eu com a minha cabeça deitada no seu colinho magro, esperando a sessão de cafuné... Ela, eu e o silêncio...

A minha acolhedora dos meus silêncios, partilhava os meus voos nas ondas do meu Mar de pensamentos; viajávamos no bordado do sentir sem palavras (poesia na essência da raiz da entrega), almas seladas pelo o amor transcendental. Este que revoluciona o Ser por dentro com a marca da bondade.

Nossa cumplicidade daquele dia de sol nascendo...  O banho de mar tão sonhado que lhe prometia à revelia dos cuidados em excesso de Mainha. No nosso silêncio guardava aquela aventura, vinte minutos de folia no mar sereno que nos abraçava. Depois duas toalhas grandes que lhe empacotei com todos os risos nossos... Em casa mais cuidados: banho morno, secador nos seus cabelos nuvens e o mais difícil de dissolver: aquele sorriso de satisfação no seu rosto e nos seus olhos cheios de mar... Mainha pescava as nossas expressões faciais e percebia algo transgressor das suas rígidas recomendações. Nos duas num silêncio profundo de mar...

No dia da sua morte foi o silêncio mais insuportável que eu vivi...

Depois fui fazendo as pazes com ele. Entendendo e apreciando cada vez mais a preciosidade do sentir sem palavras!...


Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)
Imagem: Alex Alemany

Para minha avó: Uma tentativa de expressar toda a sua beleza amorosa eternizada em mim... Sei que o silêncio é o caminho que nos liga, nos proporcionando a certeza deste elo eterno!... 



Partilha: Somente para quem quiser ler o poema que fiz para ela em 2013:
http://opianoquetocapoesia-poemas.blogspot.com.br/2013/01/o-dourado-estelar-que-permanece-em-mim.html