quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Acolhedora dos meus Silêncios...










Ela, magrinha, com os cabelos lisinhos corte a La  Channel, com a neve pousada nos seus cabelos. Tinha as mãos, para mim um sinônimo de carinho, o maior cafuné do mundo...

A minha avó: Uma contadora de histórias; sábia nos conselhos sem intromissão; humor em cada frase e respiração. Grande mestra de um silêncio repleto de cumplicidade, carinho e cura...

Ficava eu com a minha cabeça deitada no seu colinho magro, esperando a sessão de cafuné... Ela, eu e o silêncio...

A minha acolhedora dos meus silêncios, partilhava os meus voos nas ondas do meu Mar de pensamentos; viajávamos no bordado do sentir sem palavras (poesia na essência da raiz da entrega), almas seladas pelo o amor transcendental. Este que revoluciona o Ser por dentro com a marca da bondade.

Nossa cumplicidade daquele dia de sol nascendo...  O banho de mar tão sonhado que lhe prometia à revelia dos cuidados em excesso de Mainha. No nosso silêncio guardava aquela aventura, vinte minutos de folia no mar sereno que nos abraçava. Depois duas toalhas grandes que lhe empacotei com todos os risos nossos... Em casa mais cuidados: banho morno, secador nos seus cabelos nuvens e o mais difícil de dissolver: aquele sorriso de satisfação no seu rosto e nos seus olhos cheios de mar... Mainha pescava as nossas expressões faciais e percebia algo transgressor das suas rígidas recomendações. Nos duas num silêncio profundo de mar...

No dia da sua morte foi o silêncio mais insuportável que eu vivi...

Depois fui fazendo as pazes com ele. Entendendo e apreciando cada vez mais a preciosidade do sentir sem palavras!...


Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Alex Alemany

Para minha avó: Uma tentativa de expressar toda a sua beleza amorosa eternizada em mim... Sei que o silêncio é o caminho que nos liga, nos proporcionando a certeza deste elo eterno!...

(Reedição).



                         

17 comentários:

  1. Emocio0nante e tocante homenagem para tua vó que tantas saudades deixou em tiu! bjs,chica

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  2. eloquente silêncio que tão bem “fala” da Autora,

    com “seu” Mar e o mergulho (transgressor, referido no texto) a ocuparem todo o espaço simbólico da magnífica narrativa

    e a preencherem o “lugar ausente” (a avó), que se apresenta como extensão pessoal
    dos silêncios redivivos da(s) memória(s) de infância e que no tempo narrativa se desenham
    como prática de contemplação e auto conhecimento.

    Texto muito expressivo e muito belo, Amiga Suzete
    Beijo

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  3. Pois é querida Suzete, no fundo silêncio, emoções flutuam e reflexões.
    Um texto emocionante que a vovò aplaudiria.
    Bom feriado amiga.
    Bjs de paz.

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  4. Oi Suzete
    É ma cumplicidade do silêncio que o amor se evidencia
    Uma lembrança terna e doce que a amada vovó acolheria encantada com tuas belas e emocionantes declarações de amor
    Uma feliz tarde
    Beijos

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  5. Um texto lindo e repleto de amor. Parabéns.
    Mesmo em silêncio, no céu, tenho a certeza que a sua avó gostou muito.
    Bom fim de semana, amiga Suzete.
    Beijo.

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  6. A um só tempo são desatadas lembranças, evocações em que o mote é a palavra sentida, silenciada, ouvida através do silêncio cúmplice. Uma bela homenagem, Su!
    Beijos,

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  7. E quem teve uma avó que "revoluciona o Ser com a marca da bondade", atinge a amplitude do teu silêncio. Essa marca em que gostamos de nos encontrar. Marca de bem querer, poesia de essência e raiz.
    Grata por reeditares, minha querida Suzete.
    Beijinho.

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  8. Um recordar de algo que nunca finda, o amor! Muito tocante a vossa cumplicidade que preenche e adoça o silêncio. Não há nada melhor na vida do que os afectos, do que as pessoas que nos acolhem no seu colo e nos ensinam a voar.
    Uma partilha muito bonita e sentida!
    Suzete, suas palavras são sempre tão repletas de sentires que é impossível ficar indiferente e não sentir um pouco também.
    *
    Não posso deixar de agradecer as suas visitas e comentários tão enriquecedores quanto amáveis, obrigada de coração!
    Um domingo feliz e um beijinho.

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  9. Querida Zuzeta, que linda história! um amor grandioso e singelo ao mesmo tempo. Um sonho! Recordar momentos e pessoas que amamos é viver tudo outa vez. grata pela visita, abraços

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  10. Este texto tocou-me profundamente, Suzete. Por múltiplas razões.

    Um longo abraço :)

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  11. Li.
    Possuiu-me uma sensação antiga, preguiçosa, terna e quente, dum tempo que permaneceu parado, cristalizado, como diamante, no mais profundo do ser.
    É no silêncio que melhor se escutam as emoções que nos inundam. O júbilo cúmplice da relação ausente chega à comoção. Tão pura na transparência da memória.
    Tão bem escrito é, Suzete, quando se sente...
    Bj.

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  12. Ah , Suzete . Você sabe nos emocionar . Que mergulho consegui fazer através deste magnífico texto . Muito amor oferecido . Obrigada , amiga .

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  13. Como te acompanho há muito tempo, bem sabes quanto me deliciam estes textos poéticos e intimistas sobre a tua avó, matriz do muito que és.
    Bjosss

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  14. Um texto, muito belo e comovente, Suzete... e uma sentida homenagem... que tenho a certeza... sua avó apreciou... onde quer que esteja...
    Acredito que os nossos anjos da guarda, nunca estão muito longe de nós...
    Maravilhosa cumplicidade de laços de amor... tão bem expressa nas suas doces palavras...
    Adorei!!! Beijinho!
    Ana

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  15. Embora com visitas tão recentes, mas como me enternecem estas palavras! De uma sensibilidade emocionante, gosto deste silêncio porque é meu aliado. Nem sempre "apreciado" é o porto de abrigo onde deixo entrar a paz. Por isso escusado será traduzir o que senti ao ler este maravilhoso testemunho com tanta poesia!
    Obrigada pelas palavras que sinto, generosas, Susete!

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