Ela olhava as setas de armadilhas expostas em coluna
vertebral da esquina dos enganos. Decidiu silenciar os ecos de qualquer utopia de
um mundo fraterno.
Sabia o quanto o seu coração vagamundo pousava no "coração
vagabundo" bossa-nova, na voz do João Gilberto, cujo sonho de uma época que não foi sua, mas escolheria pousar naquele espaço-tempo em que a música
soprava o amor numa delicadeza de eternidades; a entrega era uma suavidade de certezas...
Ela no romantismo poético se perde na poeira deste mundo
feito de estalos de dedos do imediatismo e, no ato de esconder os olhos na ignorância
de não saber das janelas da alma, em que o brilho dos olhos diz mais do que as palavras, na interligação dos pensamentos, na viagem íntima do percurso libertário sem
fios, sem bateria e sem erros.
Ela, com este coração frágil atemporal, voa para um tempo azul
seu, e ao mesmo tempo, os passos seguem a caminhada na chamada das
responsabilidades, no carimbo dos dias.
Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)
Imagem: obra de Richard S. Johnson.
"Meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim". Este é o sonho de todos nós, a construção de um espaço que seja só nosso, descobrir
ResponderExcluiras nossas capacidades, guardando-se, buscando o sopro que confirma a nossa existência ou estar-no-mundo, o espaço em o sujeito se encontra.
Beijo, amiga!
Excelente texto, o seu. Parabéns
ResponderExcluirBeijo
buona giornata
ResponderExcluirBem carimbado o passaporte para a felicidade?
ResponderExcluirGostei do contraste entre um tempo, o do impagável João Gilberto, e este tempo em que, sem nos apercebermos, alinhamos a "estalos de dedos".
A pressa, a sofreguidão, nem deixam que se tome o gosto da "delicadeza da eternidade".
Perfeita narrativa a ressumar poesia.
Bj.
a realidade acorda o corpo quando a mente (dor_mente) vagueia num tempo alheio.
ResponderExcluirpor vezes é necessário 'silenciar os ecos', pois a bossa-nova é apelativa.
Um belo texto, minha amiga Suzete, que deixa a alma partida.
Um beijo
o seu belíssimo texto faz-me pensar quanto são precárias as utopias e frágeis as "eternidades" que queremos eternas. mas é bom que assim venham: humanas que são.
ResponderExcluire não deixar que os olhos da alma se fechem
e cuidar dos momentos em que "o brilho dos olhos diz mais que as palavras"
e, então, talvez de novo, a "viagem íntima" se reinvente
e seja partilha
e Poema
beijo, Amiga
Cuidar dos sentimentos pois as utopias são efêmeras
ResponderExcluirViver a realidade no sobressalto da intimidade e cultivar com doçura o amor. Que poema fascinante querida Suzete
Beijos
Tinha-o lido de raspão, mas precisei voltar para pousar "naquele espaço-tempo em que a música soprava o amor numa delicadeza de eternidades; a entrega era uma suavidade de certezas..."
ResponderExcluirOs teus dizeres poéticos, embora tocando a dureza da realidade, transportam-nos em viagens onde o amor é essência.
Amei voltar.
Beijos, querida poetisa.
O mundo fraterno quase não existe, é um "safe-se quem puder". O mundo é mesmo, e cada vez mais, feito de "estalos de dedos do imediatismo".
ResponderExcluirExcelente texto, gostei muito.
Suzete, tem um bom fim de semana.
Beijo.
Conheço uma pessoa assim atemporal, fascinante, por isso. Sem compromisso com um tempo que a não a satisfaz, que não lhe condiz, que não é obrigado a servi-lo, a vive-lo, como que nascida num época errada. Perfeito, Su.
ResponderExcluirQue linda caminhada...
ResponderExcluirBeijinhos
Já não há lugar para as utopias, neste mundo sem qualquer sentido. Mas há lugar para o amor e para o sonho que brilha no olhar como qualquer estrela...
ResponderExcluirUm texto muito poético e muito belo, Suzete.´
Uma boa semana.
Um beijo.
Belíssimo texto
ResponderExcluirBeijinhos
Maria
Nem sei o que te dizer Suzete !!Se é uma verdade incontestável que o mundo dos nossos dias não é de todo fraterno, é também verdade que o poeta pode sempre escolher a época em que quer viver...pode sempre virar as coisas do avesso e viajar na utopia dos seus mais secretos desejos e anseios...
ResponderExcluirAo Poeta tudo é permitido.
Maravilhoso e por demais reflexivo o teu texto.
Beijinho
Ainda que já não haja lugar para as utopias, o sonho comanda a vida como diz o nosso António Gedeão e as palavras são ótimas ferramentas para rasgar caminhos, a par da vontade, da ousadia e da crença.
ResponderExcluirBelo este teu texto, a persistir na e com a luminosidade da alma...
Bjo, amiga :)
Suzete , este seu romantismo a exalar na escrita .
ResponderExcluirQue maravilha .
Beijos
Meu coração vagabundo
ResponderExcluirQuer guardar o mundo
Em mim
Lindo!
besos
http://minhaformadeexpressao.blogspot.com.br/
Simplesmente delicioso, deixarmo-nos ir ao sabor das suas encantadoras palavras, Suzete... que nos deixam asas na alma...
ResponderExcluirSempre uma maravilha ler os seus inspiradores trabalhos, que nos dão céu... cá por dentro...
Beijinhos! Até breve, então!...
Feliz semana!
Ana