Ela fazia das raízes um
colar de dias preciosos, junto com a certeza de sua mortalidade. O olhar sempre
aberto, numa igualdade sem nome. As cores são para todos e cada um tem o seu tom
e sua voz de música ou de silêncio.
O mar sempre foi o seu poço
de mergulho sem fim; as águas mornas de um carinho tão abrangente e indescritível,
que tudo fica menor diante do seu encantamento de águas marinhas, que lhe
coloca palavras, até no silêncio...
Mas, existe um poço
chamado saudade, que às vezes se joga e não encontra a resposta do espelho.
O tempo, este que deixa
vagar como as nuvens de algodão doce, e a voz de sua mãe a lhe dizer o manual
de colorir as roupas, antes que não resistam ao preto e branco de melancolia,
alheia, sem nome.
Ela se lembra dos seus
gatos; um amor tão sublime e lúdico, como brincar nas ondas do mar, numa
ciranda de emoções que lhe trazem respostas.
O lúdico da vida não
tem que se enferrujar com a contagem do tempo; deve ficar sempre nos olhos do
encantamento, num passo do prazer genuíno de Ser!...
Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)
Imagem: Obra de Daniel Gerhartz.
Gosto dessa leveza, da simplicidade da sua escrita, Suzete.
ResponderExcluirDesse fluir medindo a passagem do tempo, sem atrelar-se a ele, medindo o acrescentar e o perder.
Este grito suave para falar do "encantamento genuíno do ser" com a saudade sedimentando a vivência e o contínuo transformar-se.
Um belo texto, Suzete!
Como é que fui esquecer de deixar-lhe o afetuoso abraço na travessia do seu texto?
ResponderExcluirEste afetuoso abraço é um mar que se alarga e se junta ao frevo no infinito presente da nossa amizade (risos).
Afetuosos abraços, Suzete!
"Ela fazia das raízes um colar de dias preciosos, junto com a certeza de sua mortalidade."...
ResponderExcluirQue maravilha o começo deste excelente texto, cheio de delicadeza e esteticamente muito belo.
Um beijo.
As cores realmente são para todos, e a genuinidade da vida deve se prevalecer!
ResponderExcluirQue encanto de poema, amei!
Beijos, e uma feliz semana!
Mariangela
Olá Suzete,
ResponderExcluirGostei muito desta bela prosa poética (a rigor, poderia dizer apenas poema). Parabéns.
Uma boa semana.
Abraços.
gosto muito deste texto-poético. de uma serenidade vibrante e, porventura, "fingida" (no sentido em que o poeta é um "fingidor")
ResponderExcluire sublinho duas ideias que me parecem centrais no texto: "As cores são para todos e cada um tem o seu tom e sua voz de música ou de silêncio", bem como,
essa ideia de "poço da saudade", figurativamente, "moer por dentro"...
muito belo,
abraço
A saudade faz parte da nossa temporalidade, nos nossos ganhos e perdas. Na passagem do tempo, só nos resta ser genuínos, esperar que passe nas nuvens a nostalgia, e brincar novamente, sempre, nas ondas do mar, amar os gatos, e as pessoas.
ResponderExcluirUm texto muito belo, Suzete.
xx
Nada posso destacar, pois todas as suas colocações são ricas e muito belas. Sua forma de falar sobre o sentir é extraordinária, Suzete. A saudade mora nas lembranças que o tempo não consegue levar. Há silêncios que falam e pessoas que colorem tudo, independente da certeza de que nada é para sempre. Grande beijo!
ResponderExcluirSe, eventualmente, este texto é sobre saudade, direi que ela é aqui escrita com a suavidade e positividade de uma alma que faz dela luz. O "poço" é apenas um lugar transitório onde o "ser" não se deixa cair por muito tempo.
ResponderExcluirProsa poética de excelente, Suzete.
Meu bjo :)
Belíssimo conto, Suzete. De repente ser feliz é tão simples. Gostei! Abraços!
ResponderExcluirSu, minha Amiga Querida, que saudade mais linda essa!
ResponderExcluirEla não tem peso, não tem aquela dor que turva o encanto do hoje, não; ela é leve, tem asas e gratidão em olhares tão infinitos, que se eternizaram... Talvez daí venham tantas cores e brilhos, enraizados em um vida que certamente se eternizou por sua própria grandeza.
Nossa, como me comove esta liberdade em pertencer ao outro, é isto que vejo, e, se erro, me perdoe, mas é exatamente assim que senti.
Que preciosidade...
Obrigada pela partilha, sentimentos assim nos ensinam enquanto acariciam, obrigada.
Deixo o meu carinho mais doce e transparente. Um beijo. =)
Bom dia, Suzete.
ResponderExcluirDa passagem do tempo que deixa a saudade, fez uma prosa de poesia genuína.
Deixa-nos um encantamento no olhar de uma ciranda de emoções.
Bom fim-de-semana.
bj amg
A saudade mais não é do que uma memória selectiva e, como qualquer memória, indispensável à construção interior de cada um. Cabe-nos a nós burilá-la, adequá-la ao nosso caminhar. Porque é necessário seguir sempre em frente, por mais atraente que seja o canto da sereia.
ResponderExcluirSempre muito bom lê-la, Suzete!
Um beijinho :)