Ela não sabia se o céu
ficará estrelado junto com o brilho dos seus olhos alados aos sonhos. Tudo é
irreal diante da cortina de fora, só dentro existe a nudez da verdade pura.
Melhor fechar os olhos na companhia dos sonhos queridos, que passeiam pelo seu
corpo.
Ficou acordada por
dentro de suas ondas oníricas, navegando nos desejos de liberdade de horas
nuas, inocentemente acesas, atingindo a sua alma numa doçura de brincadeira de
criança travessa, escondendo o doce predileto.
Ela sabia que as
páginas do livro, às vezes fecham num susto de um dia escuro, as pistas se
escondem num amanhã sem certezas...
Continuou a buscar as
estrelas no seu céu por dentro, antes que todas as nuvens rastreiem os seus
sonhos feitos de cristal.
Afinal, na vida tudo é
muito frágil e construir leva um tempo já gasto de realidade.
Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)
Imagem: Obra de Lauri Blank.
Os sonhos também precisam de lastro, Suzete. Como alimentá-los, de modo a aumentar a amplitude, eis a questão.
ResponderExcluirSempre bom lê-la.
Um beijinho :)
É sempre bom uma boa prosa, poética, preferencialmente no piano que toca poemas.
ResponderExcluirE já somos levados pela Su, perseguindo os sonhos, essa bela metáfora para a felicidade que não podemos desprezar pelo caminho porque encontraremos sempre passarinhos cantando em nossos beirais, quando não desaprendemos os sonhos.
Ainda colherei os teus passos de frevo...
Forte abraço, Suzete
de finíssima cambraia se tece, letra a letra, tão belo texto/poema...
ResponderExcluirde uma aparente fragilidade, desdobra-se e inflama-se em puríssimo voo - que os "desejos de liberdade de horas nuas" lhe conferem o vigor das narrativas, que vindas do sonho, se inscrevem na firme construção de um tempo tão real...
piano afinadíssimo!
parabéns. excelente.
Esta poética tem uma analogia surpreendente com a aventura e revelação do corpo em toda a sua dimensão.
ResponderExcluirQue fino recorte, Suzete, traçaste nesta peça.
Bj.
Só dentro existe a verdade pura, porque só dentro de nós os sonhos são reais. Nunca se sabe se a noite surgirá estrelada ou não, devido à incerteza quanto à realização desses sonhos. Dentro de nós têm a liberdade de passear-se sem receios ou constrangimentos, e neles vivemos a inocência e jovialidade nessa "doçura de brincadeira de criança travessa..." (Uma expressão muito bela).
ResponderExcluirO lado exterior da vida, para lá da cortina, pode ser uma noite longa e escura, e sem estrelas para iluminar sonhos, por isso convém protegê-los da corrosão "do tempo já gasto".
Poesia em estado pura. Maravilha, Suzete!
xx
Uma pintura com palavras, Suzete. Gostei. Abraços.
ResponderExcluirquase uma primavera
ResponderExcluirà flor da pele....
beeijo
palavras tecidas em seda pura.
ResponderExcluire que seria de nós sem sonhos e sem o nosso sonhar.
muito belo!
beijinho
:)
Li e senti uma melancolia linda!
ResponderExcluirEstou seguindo-lhe.
Como um vento vim farejar as tuas palavras macias, acreditando que encontraria um ritmo ágil com as galáxias do frevo iluminando os teus passos...
ResponderExcluirQuero ser o cristalino nos teus passos de frevo (risos)!
Abraços afetuosos, Suzete!
Construir leva o seu tempo, na verdade.
ResponderExcluirUm texto excelente, que é mais poesia que prosa.
Bom fim de semana, querida amiga Suzete.
Beijo.
Deus queira que o céu esteja sempre estrelado na nossa preciosa vida,a vida é curta demais,temos que a aproveitar muito bem aproveitada!!
ResponderExcluirProcurar as estrelas para que elas devolvam a luz que o tempo ao passar roubou do olhar.
ResponderExcluirUm texto muito belo, minha amiga.
Um beijo.
Suzete,
ResponderExcluirGostei muito desta sua inspirada prosa-poética. Parabéns.
Um bom domingo.
Abraços.
Sob um céu de esperança viveremos, na procura de um ser que será nosso.
ResponderExcluirbj
O céu terá que continuar estrelado, amiga. Doutro modo, como buscar a luz para prosseguir caminho?
ResponderExcluirSendo certo que quem é dotado de uma superior sensibilidade, o poderá ter sempre dentro de si, não é menos verdade que o exterior a nós está pleno de constrangimentos que nos afligem.
Quanto ao texto em si: não querendo repetir-me, direi que "adentrei" nele, deleitando-me com a beleza literária.
BJo, querida Suzete :)