segunda-feira, 11 de abril de 2016

O Poço Sem Espelho...











Ela fazia das raízes um colar de dias preciosos, junto com a certeza de sua mortalidade. O olhar sempre aberto, numa igualdade sem nome. As cores são para todos e cada um tem o seu tom e sua voz de música ou de silêncio.

O mar sempre foi o seu poço de mergulho sem fim; as águas mornas de um carinho tão abrangente e indescritível, que tudo fica menor diante do seu encantamento de águas marinhas, que lhe coloca palavras, até no silêncio...

Mas, existe um poço chamado saudade, que às vezes se joga e não encontra a resposta do espelho.

O tempo, este que deixa vagar como as nuvens de algodão doce, e a voz de sua mãe a lhe dizer o manual de colorir as roupas, antes que não resistam ao preto e branco de melancolia, alheia, sem nome.

Ela se lembra dos seus gatos; um amor tão sublime e lúdico, como brincar nas ondas do mar, numa ciranda de emoções que lhe trazem respostas.


O lúdico da vida não tem que se enferrujar com a contagem do tempo; deve ficar sempre nos olhos do encantamento, num passo do prazer genuíno de Ser!...



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Daniel Gerhartz.



13 comentários:

  1. Gosto dessa leveza, da simplicidade da sua escrita, Suzete.
    Desse fluir medindo a passagem do tempo, sem atrelar-se a ele, medindo o acrescentar e o perder.
    Este grito suave para falar do "encantamento genuíno do ser" com a saudade sedimentando a vivência e o contínuo transformar-se.
    Um belo texto, Suzete!

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  2. Como é que fui esquecer de deixar-lhe o afetuoso abraço na travessia do seu texto?
    Este afetuoso abraço é um mar que se alarga e se junta ao frevo no infinito presente da nossa amizade (risos).
    Afetuosos abraços, Suzete!

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  3. "Ela fazia das raízes um colar de dias preciosos, junto com a certeza de sua mortalidade."...
    Que maravilha o começo deste excelente texto, cheio de delicadeza e esteticamente muito belo.
    Um beijo.

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  4. As cores realmente são para todos, e a genuinidade da vida deve se prevalecer!
    Que encanto de poema, amei!
    Beijos, e uma feliz semana!
    Mariangela

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  5. Olá Suzete,
    Gostei muito desta bela prosa poética (a rigor, poderia dizer apenas poema). Parabéns.
    Uma boa semana.
    Abraços.

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  6. gosto muito deste texto-poético. de uma serenidade vibrante e, porventura, "fingida" (no sentido em que o poeta é um "fingidor")

    e sublinho duas ideias que me parecem centrais no texto: "As cores são para todos e cada um tem o seu tom e sua voz de música ou de silêncio", bem como,

    essa ideia de "poço da saudade", figurativamente, "moer por dentro"...

    muito belo,
    abraço

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  7. A saudade faz parte da nossa temporalidade, nos nossos ganhos e perdas. Na passagem do tempo, só nos resta ser genuínos, esperar que passe nas nuvens a nostalgia, e brincar novamente, sempre, nas ondas do mar, amar os gatos, e as pessoas.
    Um texto muito belo, Suzete.
    xx

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  8. Nada posso destacar, pois todas as suas colocações são ricas e muito belas. Sua forma de falar sobre o sentir é extraordinária, Suzete. A saudade mora nas lembranças que o tempo não consegue levar. Há silêncios que falam e pessoas que colorem tudo, independente da certeza de que nada é para sempre. Grande beijo!

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  9. Se, eventualmente, este texto é sobre saudade, direi que ela é aqui escrita com a suavidade e positividade de uma alma que faz dela luz. O "poço" é apenas um lugar transitório onde o "ser" não se deixa cair por muito tempo.
    Prosa poética de excelente, Suzete.
    Meu bjo :)

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  10. Belíssimo conto, Suzete. De repente ser feliz é tão simples. Gostei! Abraços!

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  11. Su, minha Amiga Querida, que saudade mais linda essa!
    Ela não tem peso, não tem aquela dor que turva o encanto do hoje, não; ela é leve, tem asas e gratidão em olhares tão infinitos, que se eternizaram... Talvez daí venham tantas cores e brilhos, enraizados em um vida que certamente se eternizou por sua própria grandeza.
    Nossa, como me comove esta liberdade em pertencer ao outro, é isto que vejo, e, se erro, me perdoe, mas é exatamente assim que senti.

    Que preciosidade...

    Obrigada pela partilha, sentimentos assim nos ensinam enquanto acariciam, obrigada.

    Deixo o meu carinho mais doce e transparente. Um beijo. =)

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  12. Bom dia, Suzete.
    Da passagem do tempo que deixa a saudade, fez uma prosa de poesia genuína.
    Deixa-nos um encantamento no olhar de uma ciranda de emoções.
    Bom fim-de-semana.
    bj amg

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  13. A saudade mais não é do que uma memória selectiva e, como qualquer memória, indispensável à construção interior de cada um. Cabe-nos a nós burilá-la, adequá-la ao nosso caminhar. Porque é necessário seguir sempre em frente, por mais atraente que seja o canto da sereia.
    Sempre muito bom lê-la, Suzete!

    Um beijinho :)

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