Cansei.
Há o silêncio sobrevoando,
à espera de afastar a
fera de luzes ardidas.
Buzinas saltitantes de
mãos ansiosas no volante.
Distante,
a consciência aguarda a
vaga
Luz,
que todos somos
importantes:
na vista
na vista
na pista
na vida
na fila
dos instantes da
imprescindível
igualdade do que somos.
A máquina é conduzida
acelerando a
desprezível gentileza
pelo incômodo ao lado
( pela apropriação indébita do espaço);
( pela apropriação indébita do espaço);
nesta selva urbana,
em que se distribuem senhas
das condutas irascíveis
humanas.
Quero,
descalça,
sentir a areia
aprofundando os meus pés
livres,
neste pequeno sonho de
liberdade!
Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)
Imagem: Obra de Inna Tsukakhina.
Quem sabe, também “a esperança de óculos”, além da calça desbotada, para singrar estes mares nada calmos da “selva urbana”, desfolhando lírios e sonatas, elucubrando sonhos míticos “de pés livres”, agarrando-se [outra vez, quem sabe,] a uma rocha para ver o vento passar, passar, passar...
ResponderExcluirUm belo texto, Suzete! Somos escravos dessa dura realidade! E nos apegamos a "um pequeno sonho de liberdade".
Forte abraço,
Suzete , sinto o belo poema como um grito de esperança . Adorei . Beijos
ResponderExcluirUm poema que acalma a loucura que é o dia dia nas cidades.
ResponderExcluirGostei muito, Suzete.
Beijinho.
Uma igualdade tão mascarada, tão esquecida, tão desrespeitada nos mais prosaicos momentos do dia a dia, numa realidade de olhares rápidos e inquietos que parecem não ter tempo nem disponibilidade para rever-se em semelhança no outro. Uma selva que aprisiona e não liberta, que animaliza em vez de humanizar.
ResponderExcluirE que maravilhosa é a sensação dos pés na areia fresca!...Felizmente vivo em Lagos, uma cidade junto ao mar. Tenho a certeza que não conseguiria viver numa cidade grande! :-)
Excelente o conteúdo e a forma do poema! E gostei também muito da imagem, que também já utilizei.
Bom fim de semana, querida Suzete!
xx
Um poema que pretende afastar as amarras, invocar a premente necessidade de respirar...
ResponderExcluirDos versos transpira, e de que maneira, essa vontade.
Muito bem conseguido, Suzete.
Um beijinho :)
pressente-se esse ritmo frenético de uma grande metrópole
ResponderExcluire um obtuso e irritante silêncio sentado ao lado...
gostei muito dessa forma sincopada (de uma força gritada) que expressa divinamente "a fuga" para o "sonho de liberdade"
saudo-te, Poeta!
beijo.
Escolheu belíssima imagem, Suzete!
ResponderExcluirComo são difíceis esses caminhos, onde se precisa encontrar mais que espaço, pois é gritante o desrespeito, a indiferença, a suposição da existência de apenas direitos.
Neles, percebemos como a loucura paira sobre cabeças e mãos.
De fato, o sonho de liberdade, nessa confusão onde não se encontra luz, foi mostrado por você em conformidade com meus próprios desejos, pés no chão, um contato íntimo e prazeroso com a areia macia.
Muito belo!!!!!! Bjs.
Olá Suzete,
ResponderExcluirLinda a imagem. Fiquei aqui admirando cada detalhe da bela obra de Inna Tsukakhina.
Tão belo quanto a obra é o poema, inspirado numa vivência massacrante, estressante e desprovida de calor humano. Uma selva de pedras, onde reina a irritação, a intolerância. o desrespeito e a indiferença.
Um sonho de liberdade ansiado por muitos, mas que as amarras do sistema não permitem realizar sem o prejuízo da própria sobrevivência.
Quanto ao pés na areia... que delícia!!! Não há melhor sensação de liberdade e de bem estar.
Bela construção poética, que retrata lindamente uma situação tão desalentadora.
Brilhante, amiga!
Feliz semana.
Beijo.
Incomensurável a liberdade
ResponderExcluirBj
Dos dias que nos sufocam ao grito libertador - eis a súmula da minha leitura deste teu poema em que a forma escolhida acompanha este estado de alma.
ResponderExcluirRelevo o léxico que exprime bem o cansaço, assim como a mensagem contida na última estrofe.
Gostei mesmo muito!
Bjo, querida :)
Que poema magnífico, a sua construção estrutural,
ResponderExcluirna forma sincopada, expressando a dinâmica do sentir
sufocado pelo abismo incompressível do trânsito (atitudes das pessoas),
para o grito de liberdade com a possibilidade (o sonho) dos pés
livres na profundidade da areia...
Belíssimo, Suzete!
Abraço afetuoso.
Felipe.
Boa noite Suzete,
ResponderExcluirtraz-nos este poema num ritmo sincopado pela aflição da urgência - um grito de revolta. Muito bom.
Mergulhe-se na areia
profundamente:
nem chão os pés
têm onde pisar?
Um dia deixam de ser pés
por disfunção
Faça-se uma revolução!
Bj
Boa noite Suzete,
ResponderExcluirtraz-nos este poema num ritmo sincopado pela aflição da urgência - um grito de revolta. Muito bom.
Mergulhe-se na areia
profundamente:
nem chão os pés
têm onde pisar?
Um dia deixam de ser pés
por disfunção
Faça-se uma revolução!
Bj