
Ela estava serena e delicadamente plena, se entardecendo nos
seus sentires amanhecidos de saudade. Uma saudade com cheiro de hortelã
mergulhado no chocolate amargo e quente...
Ela sabia da brevidade da vida, tudo deveria ser degustado em
gotas de espanto e prazer. No espanto mora o inesperado e o prazer é um suspiro
de beleza e verdade poética...
Ela não gostava de fazer planos de consumo, isso é empobrecer
o encanto sutil do viver; o sonhar é tão perto (dentro do sentir) e buscar fora
para carregar a mala de supérfluos, não lhe seduzia. Sempre precisou da leveza
do desapego!....
Sempre quis o genuíno livremente. Ser inteiro de corpo e
passeio na alma, impregnada de sorrisos aventureiros sem correntes que se
apropriem da verdade do sentir...
Sempre acreditou na lealdade das mãos dadas na caminhada a
dois. Na amizade dos olhos que se conhecem e dizem tudo. No silêncio partilhado
na paz que abraça e na parceria do preto e branco das rotinas que não esmagam a
sublimidade do prazer (solar) de se estar juntos.
Ela flutuava na leveza enquanto as palavras desfolhavam a sua
singularidade na brisa do agora!...
Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)
Imagem: Obra de Daniel Gerhartz.