sábado, 2 de janeiro de 2016

Acolhedora dos meus Silêncios...












Ela, magrinha, com os cabelos lisinhos corte a La  Channel, com a neve pousada nos seus cabelos. Tinha as mãos, para mim um sinônimo de carinho, o maior cafuné do mundo...

A minha avó: Uma contadora de histórias; sábia nos conselhos sem intromissão; humor em cada frase e respiração. Grande mestra de um silêncio repleto de cumplicidade, carinho e cura...

Ficava eu com a minha cabeça deitada no seu colinho magro, esperando a sessão de cafuné... Ela, eu e o silêncio...

A minha acolhedora dos meus silêncios, partilhava os meus voos nas ondas do meu Mar de pensamentos; viajávamos no bordado do sentir sem palavras (poesia na essência da raiz da entrega), almas seladas pelo o amor transcendental. Este que revoluciona o Ser por dentro com a marca da bondade.

Nossa cumplicidade daquele dia de sol nascendo...  O banho de mar tão sonhado que lhe prometia à revelia dos cuidados em excesso de Mainha. No nosso silêncio guardava aquela aventura, vinte minutos de folia no mar sereno que nos abraçava. Depois duas toalhas grandes que lhe empacotei com todos os risos nossos... Em casa mais cuidados: banho morno, secador nos seus cabelos nuvens e o mais difícil de dissolver: aquele sorriso de satisfação no seu rosto e nos seus olhos cheios de mar... Mainha pescava as nossas expressões faciais e percebia algo transgressor das suas rígidas recomendações. Nos duas num silêncio profundo de mar...

No dia da sua morte foi o silêncio mais insuportável que eu vivi...

Depois fui fazendo as pazes com ele. Entendendo e apreciando cada vez mais a preciosidade do sentir sem palavras!...


Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)
Imagem: Alex Alemany

Para minha avó: Uma tentativa de expressar toda a sua beleza amorosa eternizada em mim... Sei que o silêncio é o caminho que nos liga, nos proporcionando a certeza deste elo eterno!... 



Partilha: Somente para quem quiser ler o poema que fiz para ela em 2013:
http://opianoquetocapoesia-poemas.blogspot.com.br/2013/01/o-dourado-estelar-que-permanece-em-mim.html 

          

20 comentários:

  1. Bom dia, Suzete. Expressivamente lindo e emocionante!
    Lembrei muito do meu avô quando disse que sua vó aconselhava sem interferir.
    Meu avô está conosco, graças a Deus, mas percebo que os idosos têm a calma e sabedoria para nos orientarem e viverem como se fosse o último dia.
    O elo entre sua avó e você certamente era muito forte e lindo, suave e encantador, a fragilidade do seu corpo magro exaltava, escondia sua grande força espiritual.
    Eu creio que o amor não se esvai com a morte, e sei que ela olha por você com o mesmo i sorriso e olhar.
    Suassaudades não terão fim, mas entenderá que ela partiu apenas fisicamente.
    Amei ler, emocionante!
    Tenha um 2016 de paz, saúde, amir e luz!

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  2. Comovente, este texto que recorda a avó.
    É bom aprender a viver com os silêncios se já não há palavras para os preencher...
    Um beijo e desejos de Bom ano.

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  3. Suzete, minha querida

    A sua arte literária é preciosa,nos conduz a uma
    montanha de emoções e para mim, uma felicidade de
    poder contactar e sentir a sua sensibilidade e
    encanto em cada momento descrito na beleza poética
    e no conhecimento sobre a sua capacidade de amar
    à sua sábia avó e amar a humanidade.
    Sim, você tem a marca da bondade, tenho
    certeza disso!...
    Sempre grato com a leitura que faço aqui!!
    Um 2016 luminoso,minha querida!
    Abraço de pura amizade.
    Felipe.

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    1. Eu que sou sempre grata pela tua presença
      luminosa aqui, és um querido!!
      Um 2016 luminoso (feliz), renovador e poético
      para ti, Felipe!...
      Abraço grato, amigo!

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  4. Comovente!
    As avós são as melhores contadoras de histórias, e quase sempre são as mais pacientes a contá-las. E as belas histórias se prolongam nesses momentos de silêncio, de cumplicidade tão mágica que ficará para sempre connosco, cumplicidade de uma união que não necessita de palavras.
    Que delícia essa transgressão de uma ida ao mar!
    Maravilha de recordações, Suzete!
    Bom domingo!
    xx

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  5. inamovíveis pedras - vivas!
    como um aluvião a fecundar a vida.

    e a marcar o carácter!

    belíssima "tatuagem" da alma!
    belo e sensível texto

    beijo

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  6. Uma ternura sentida

    Grato pela partilha

    Bj

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  7. memórias vivas...
    saudades que ficam para sempre.
    meu abraço.
    beijo
    :)

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  8. Vó é eterna, é uma lembrança terna, são inesquecíveis. São uns amores de gente, são doçura, duram uma eternidade. Que ternura de texto, Suzete. Feliz Ano Novo, pra ti. Beijos!

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  9. Excelente texto....
    Votos de um Bom Ano Novo....
    Cumprimentos

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  10. Excelente texto....
    Votos de um Bom Ano Novo....
    Cumprimentos

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  11. Quanta delicadeza na reconstituição dessas memórias. Há coisa mais significativa que a presença dos nossos avós em nossas vidas? Quantas transgressões consentidas? E o silêncio mágico que abre janelas para que memória penetre na sala e vá nos nos absorvendo e redescobrindo a criança dentro da gente.
    A singeleza da tua escrita sempre me comove.
    Afetuoso abraço, Suzete!

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  12. Conforme ia lendo, associava as tuas doces e ternas lembranças (muito bem escritas) ao que também já expressei numa narrativa de umas 6 páginas, relativamente à minha avó materna. Costumo dizer que foi ela a detonadora do meu imaginário. Que grande responsabilidade têm avós como a tua e a minha!E como merecem estes escritos!
    Irei ler o poema.
    Bjo, querida amiga :)

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    1. Que bom ter revisitado. Já te comentava no blogue nessa época...
      Aproveito para corrigir: avó paterna e não materna; com esta, aprendi tanta coisa... A imagem dos meus avós está sempre presente...

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    2. Sim, amiga. Aliás tu me comentas e eu a ti desde
      o início, Nosso encontro na WAF e tantos amigos
      queridos e talentosos Poetas nas partilhas de
      amizade e irmandade poética. Quase todos desistiram
      de publicar nos seus blogs e nós duas (aquarianas)
      que amamos a poesia tão colada na sensibilidade
      à flor da pele, ficamos e somos, somando os nossos
      olhares passeando pela instantaneidade e
      infinitude da vida!...
      Sempre grata por este teu olhar poético
      somado ao meu, amiga querida!!
      Bjos.

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  13. Su querida,

    Como amei esta tua prosa, nela ficou tão revelado o
    teu Ser especial junto com a tua mestra, a tua avó.
    Lembro tanto dela, um sorriso traquino, com gestos
    tão carinhosos.
    Que preciosa partilha, minha querida amiga!!
    E o poema (li) tão belo e sublime ecoando a esta
    prosa no grande (A)Mar de mulheres; tu e e a tua avó
    que têm uma trilha de luz sempre!!!
    Beijo e abraço saudoso, minha irmã de alma.
    Nara.

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    1. Narinha,

      Ela te adorava!
      E eu também, nenhuma novidade, né?!...rss
      Grata pela tua amizade neste elo eterno que
      transcende o tempo e a distância.
      Grata também por este teu olhar sempre tão
      generoso pelas minhas tentativas
      de escritos poéticos!...rss
      Beijo e abraço saudoso, minha irmã de alma!

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  14. Um poema repleto de amor e ternura do princípio ao fim.
    Excelente, gostei imenso.
    Vou ler o de 2013 a seguir...
    Bom resto de semana, querida amiga Suzete.
    Beijo.

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  15. A separação é sempre dolorosa, e sei quanto custa isso, mas fica sempre a habitar no nosso coração quem partiu...

    beijo amigo

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  16. Suzete, quanta cumplicidade nessa união abençoada! O poema que fez para ela é por demais encantado. Esse sentir não é silenciado pela ausência porque encontrou um lugar onde se instalou para sempre.
    Sua primorosa escrita nos vai ao coração.
    (Estive distante dos blogues, razão da demora em vir apreciar suas postagens, o que faço com imenso gosto). Bjs.

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