sexta-feira, 9 de setembro de 2016

As Uvas do Mar...










Mais um sábado de sol, todos na praia e eu, a única adulta a adorar o banho de mar, para alegria da menina loirinha, com passos de bailarina, a pedir:"Tia, leva eu por o mar!..." Vamos Bru, nós adoramos o mar!!... Ela me dava aquelas mãozinhas para segurar nas minhas e eu acelerava os passos e, depois, a colocava nos braços, correndo, com  as gargalhadas dela fazendo música para todos na praia...

Ficávamos no mar conversando e sorrindo com a poesia que ele construía com suas ondas... Ela, tremendo e pedindo: ”conta mais histórias, Tia” (eu argumentava que ela precisava sair um pouco da água), e ela: “conta mais história, mais...”  Depois de sair do mar, ficávamos ao sol, a aquecer o nosso frio destilado de saudade das ondas amigas, que pertenciam ao mar na sua estrutura de música da vida: ondas alegres que alimentavam a nossa felicidade do dia! A magia do mar que em mim morava, visitava o universo imaginário da minha sobrinha, com as sementes do amor à natureza!...

Um dia ela viu o que chamou de alimentos do mar; algo que parecia um cacho de uvas. Ela disse que eram as uvinhas do mar; comidinha para os peixes, e me pediu: “Tia, joga para longe, no fundo do mar, para os peixinhos comerem e ninguém machucar as uvinhas; não deixar os peixinhos sem sobremesa”. Assim eu fiz, lancei bem longe para que os peixinhos comessem a sua sobremesa.  E eu disse que era Bru que estava enviando a sobremesa, enquanto lançava ao mar, e ela sorria de satisfação!...

Hoje, quando vou ao mar e vejo as uvinhas, lanço ao fundo do mar e penso: Os peixinhos não comeram ainda a sobremesa enviada por Bru... Ela, hoje, talvez nem se lembre de que um dia presenteou os peixinhos com seu carinho, o seu olhar atento à natureza, e a Tia (eu) acompanhado e estimulando este amor sublime que estrutura a sensibilidade humana por dentro, no encanto da bondade genuína.

Atualmente é uma mulher com corpo e postura de bailarina de caixinha de música, suavidade, gentileza, doçura, e ao mesmo tempo independente e dona da sua história (vida).

Separadas entre continentes, continuamos com a nossa ponte de afeto, que nos liga a grandes infinitos de comunhão humana e transcendental.  O amor sempre transcende a distâncias,  tempo e espaços.



Bru,

Beijinhos para ti, desta Tia que te ama sempre!



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Chelin Sanjuan.





                         





16 comentários:

  1. Belo momento entre vc e sua sobrinha, Suzete. A distância realmente não existe, quando a relação foi construída com afeto e respeito.

    Beijinho.

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  2. Suzete , que registro delicado e forte este que nos oferta . Sua sobrinha não poderia ter uma tia tão sensível e generosa como você . Parabéns a ambas . Beijos

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  3. Suzete, querida Amiga

    são os "afectos do quotidiano", como à falta de melhor chamo ao amor pela família e pelos amigos que, no dia a dia, estão presentes na vida com um sorriso ou a palavra certa que servem de lenitivo e conforto perante as agruras e injustiças que tantas vezes a sociedade nos reserva (e diga-se que cada um não está livre de poder praticar).

    assim é quase uma "profanação" pretender comentar a visível ternura e afecto que emana das suas poéticas (sempre belas) palavras.

    desejo por isso que essa preciosa "rede afectos" nunca lhe falte e continue a privilegiar os seus amigos com a genuína expressão da sua poesia, sempre elegante e profunda.

    beijo, minha amiga.

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  4. O que não falta por aqui é delicadeza. Esta evocação sublime nos "derruba" porque é tão bom saber que o sol aquece a tua mão e a presença do mar traz lembranças que você vai colando-as no papel de forma tão lírica, que nos deixa sem palavras. O melhor é senti-las, as que você literalmente transforma em ponte mágica para a sobrinha distante.
    Afetuoso abraço, Suzete!

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  5. Passando rapidamente, por aqui, pois creio que ficarei sem net algures entre hoje e amanha... pelo que assim que voltar a tê-la... durante a próxima semana, e não havendo novidade... aqui estarei comentando as suas ultimas postagens, com a devida atenção...
    Agradecendo as suas carinhosas palavras... o que formalizarei depois devidamente, tão logo volte a ter net... aproveito para lhe deixar um beijinho, Suzete, e desejar um feliz domingo!
    Até daqui a uns diazitos...assim espero!
    Tudo de bom!
    Ana

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  6. São textos assim, cheios de ternura, sentimentos permanentes que nos dão forças para ignorar os desafetos do mundo, as rusgas por vezes tão perto. Precisamos, todos, um alento, uma parada, e continuar a caminhada.
    Como é lindo histórias contadas dessa maneira, com delicadeza e votos de eterno gostar. Você, amiga, sempre emocionando...
    beijo, amiga.

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  7. Oi tia.
    amei teu textinho ^^ Fiquei emotionada lendo.
    verdade que nao me lembro desse dia nao.
    Mas me lembro das uvinhas do mar . :p

    saudades imensas tia.

    espero ler outros textinhos desse estilo ^^

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    1. Minha Bru,

      Tu tinhas na faixa de 3 aninhos, era muito pequeninha...rss
      Em mim tudo muito vivo as cenas destes momentos, tu, a
      loirinha bronzeada falante e alegre, muito alegre no
      mar...rss
      Amei a tua presença aqui, minha linda!
      Te amo muito e saudade, saudade!...
      Beijos, minha filha de coração e alma.

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  8. Ps: eu conheço Zaz sim.
    gosto bastante do estilo dela.

    E o quadro da bailarina com o violino(sou pessima em reconhecer instrumentos ) olhando o mar é lindo.

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    1. Que bom, pelo que te conheço, imaginei
      que tu a conhecia e gostava do estilo dela.
      Beijinhos.

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  9. Fiquei emocionado com a ternura que se pode respirar a partir das tuas palavras.
    E já vi que a Bru se lembra das uvas do mar...
    Suzete, tem uma boa semana.
    Beijo.

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  10. Tanta ternura, Suzete! Uma tia e uma sobrinha que gostam do mar, da dança e da poesia que a vida contém. É maravilhoso! Deliciei-me com o texto. Parabéns.
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  11. Um momento lindo e ternurento, Suzete!... Entre tia e sobrinha, e que proporcionou uma prosa literária deveras encantadora...
    Para ler e reler, esta doce maravilha...
    Beijinhos
    Ana

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  12. Fantásticos momentos: os vividos na presença, ternura, sensibilidade e amor da tua Bru, os que viveste aos (d)escrevê-os e os que proporcionaste a quem leu.
    Grata por também, deste modo, ter feito parte deles.
    Bjo na tua linda alma :)

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  13. "Todos na praia e eu" e "as uvas do mar". E o amor que você deu, Suzete. Não se perdeu, nunca se perde.
    Conto para Bru é delícia de ler, de ouvir. Vou ler para alguém ouvir. Posso?

    Bj

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