sábado, 26 de abril de 2014

Pequeninos Grãos de Areia...











Às vezes me inquieta este mundo:

Abismos se constroem

Numa incompreensão palpável.

O silêncio é corroído

Por gestos mesquinhos,

As palavras são usadas,

Deformadas na essência construtiva.

Nada sobra desta atmosfera hostil,

Nem um sopro

Que leve, uma delicada

Forma de expressar

O afeto

Em um abraço.

Único abraço, que cale

O eco do vazio,

Do não sentir

O outro em mim...


Pontes são destruídas facilmente nesta selva humana,

A legitimidade do sentir,

É para poucos

Que gostem de uma caminhada de mãos dadas...


Nada como olhar para

O infinito do mar,

Dimensionar as dores

Em pequeninos grãos de areia...


Suzete Brainer ( Direitos autorais registrados)

Imagem do Google.



17 comentários:

  1. Urge a necessidade, de abraçar o abraço, numa cúmplice aliança com o racional gesto e atitude, do verdadeiro altruísmo, sem protagonismo!!!

    http://diogo-mar.blogspot.pt/

    ResponderExcluir
  2. Não devemos querer que as nossas dores pesem aos outros, apenas partilhá-las.
    Um abraço,
    J

    ResponderExcluir
  3. Querida Su,

    Belíssimo poema,sempre assim neste teu espaço de arte!!

    Entendo profundamente este teu poema, estamos numa atualidade

    onde o afeto,o diálogo e a partilha estão em extinção.

    Quero partilhar contigo,amiga. Recebi um email de um grupo de colegas

    de um curso que eu fiz algum anos, falaram da dificuldade de localizar,

    já que eu não tinha página no facebook. Pois,bem. Fui a tal da reunião

    no restaurante,todas sentadas e pediram o tal código para acessar

    a net. Todas tirando foto e colocando no facebook e com seus

    armamentos de celulares ulta-moderno.Olharam para mim,

    verificando que continuava a esperar uma conversa...

    Foi quando eu resolvi ir embora e disse: Estou voltando para o

    meu sítio, as minhas galinhas,cavalos,cachorros e gatos não

    tem facebook e com eles posso levar um papo cabeça e

    troca de energia maravilhosa. E mostrei o meu aparelho celular

    do tempo antigo e todas fizeram uma expressão de susto...rsrs

    Olha não sou totalmente anti-social,pois visito o teu blog rsrs...

    Nós duas somos duas ETs,pois não temos páginas no face,espantoso

    isso,né,amiga...

    Adoro o tu escreves,sinto e me emociono.

    Beijos e um abraço cheio de afeto!

    Nara.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Narinha,

      Imaginei a cena e adorei...rsrs

      Prefiro também o papo cabeça e a energia dos bichinhos,amiga!

      Que responsabilidade a minha,em contribuir para que

      seja social-net...rsrs

      Adoro a tua presença aqui,um privilégio a tua amizade verdadeira!

      Grata, um beijo e abraço grande e apertado de afeto!!

      Excluir
  4. Quem não se inquieta neste mundo de íngremes ribanceiras, de abismos sem pontes, de más vontades, de desleixo para com os outros e até por vezes para nós mesmos... Uma vida pobre a de quem não teve uma educação para os afectos, para a partilha e a divisão, para o acolhimento do seu sentir e o dos outros.
    Os afectos são feitos de voz, de gestos, de abraços, de toque. São feitos de corpo, mas tantas vezes o corpo se fecha sobre si mesmo, porque na infância não foi educado para se abrir.
    Muito belo Suzete. Todos os dias sentimentos essa incompreensão, ou pelo menos uma generalizada indiferença que tanto desaproxima.
    Olhar para o infinito ajuda a por tudo em perspectiva.
    Bom fim de semana com muito afecto!!...:-)
    xx

    ResponderExcluir
  5. Neste mundo sem direção, Suzete, são mesmo muito pouco os que gostam de andar de mãos dadas, olhar a imensidão do mar procurando dimensionar o tamanho das dores... Meu beijo.

    ResponderExcluir
  6. Mais um poema de grande dimensão e sensibilidade, quer pelos valores que releva quer pela grandiosidade da expressão poética .
    Não quero crer que o ser humano esteja cada vez mais desumanizado, mas parece-nos uma realidade irrefutável com que nos deparamos no dia a dia das nossas vidas.
    Cada vez mais se constroem ilhas em vez de pontes, impossibilitando sentir o outro e não havendo lugar para a compaixão.
    Cabe aos poetas amaciar corações, e tu Suzete, és exímia nisso...a tua poesia para além de bela, tem sempre uma mensagem de luz nas entrelinhas...

    Beijinho imenso!

    ResponderExcluir
  7. Suzete,
    O poeta, no seu olhar circundante, tem um trabalho quase de garimpeiro no vislumbre dos gestos raros e preciosos.

    Beijo :)

    ResponderExcluir
  8. Estes grãos são mînimos mas encomodam, beijomLisette,

    ResponderExcluir
  9. Que as pontes possam ser construídas sempre nos lugares certos, a carem passagens as pessoas boas! abraços

    ResponderExcluir
  10. O mundo e seus grãos sempre parte de nós.

    Tudo conta e os grãos mais do que seria suposto,por vezes.

    Beijinhos

    ResponderExcluir
  11. Este mundo é mesmo inquietante...
    Magnífico poema, gostei muito das tuas palavras.
    Tem um bom resto de semana, querida amiga Suzete.
    E um bom feriado.
    Beijo.

    ResponderExcluir
  12. Querida Suzete: eu nem precisaria de comentar nada. Sempre estamos em sintonia e, este poema, é talvez o mais relevante para a afirmação anterior.
    Já houve civilizações avançadíssimas que ruíram por falta da sustentação dos valores humanos (como sabemos pela história mundial). Por isso é que temos o DEVER de, pelo menos, preservar a NATUREZA, sendo que ela pode, a meu ver ser portadora de uma energia que sirva de exemplo. Não defendo o regresso às origens, mas ela permanece fiel a si mesma, confiável (acho que já escrevi um poema à volta disto)... Daí que me irmanize neste teu verso "Numa incompreensão palpável." O negativo como que se coisificou e, confesso, cada vez mais me inquieta este mundo. Frequentemente digo que vivemos um obscurantismo que me lembra a Idade Média...
    Sempre um prazer estar neste teu espaço.
    BJO, amiga :)
    (E olha também tenho um pouco da Nara. Para tudo é preciso saber dosear, nem 8, nem 80...)

    ResponderExcluir
  13. Na pequenez do infinito se descobre a beleza das coisas.
    bj

    ResponderExcluir
  14. Sempre existirão abismos
    Enquanto a fala não for entendida
    Caminhos derrubados
    Não derrubam quem tem a paz da consciência

    Beijinho

    ResponderExcluir

Este é um espaço importante para você deixar inscrito:

A sua presença,

O seu sentir,

A sua leitura,

A sua palavra.

Grata por compartilhar este momento de leitura aqui!

Abraço de Paz!

Suzete Brainer.