domingo, 28 de fevereiro de 2016

Ser Viajante...













Eu não sei jogar.

Deixo aos grandes jogadores,

Com o seu tabuleiro de vida

Em xadrez,

Que eles façam as suas apostas.


Eu não sei jogar,

O meu olhar é muito transparente

E as verdades pulam dele

No mergulho do profundo nada .


Eu não sei jogar,

As minhas mãos permanecem limpas.

A limpidez da palavra consciência

Cabe nela, como uma faça

Corta ao meio o desvio....


Eu não sei jogar,

Artifícios e armadilhas

Que me fizeram,

Ficaram desativados,

Como obstáculo nulo.


Eu não sei jogar,

competição me provoca náuseas.

Gosto de sentir somente o ruflar 

Das borboletas coloridas que guardo dentro de mim.

Solto-as no quarto escuro das ilusões

E elas trazem o meu sorriso de volta...


Não sei jogar,

Todos os meus sonhos me pertencem

E cabem nos meus olhos de viajante.







Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Vladimir Volegov.






14 comentários:

  1. Suzete, querida!
    Este seu Poema é de uma grandiosidade admirável, a
    vontade é de não parar de ler, pois a cada leitura
    eu aprecio a sua essência de Ser Viajante e viajo também...
    Através do seu sentir poético, reencontro o meu sentir
    de Ser Viajante e ter negado continuo a negar a ser
    jogador, me declaro inapto a qualquer jogo, não tenho
    a sua sublime sensibilidade poética em mim, não existe
    as borboletas coloridas a iluminar o meu quarto escuro
    das ilusões, tenho que processar nestes meus olhos
    cansados da idade, um estado de alma taoista que fui
    adquirindo na vida, com muita porrada desses "grandes
    jogadores" que adoram a competição.
    Agora com este seu Poema, me sinto representado na vida,
    Sou também um Ser viajante:
    "Não sei jogar,
    Todos os meus sonhos me pertencem
    E cabem nos meus olhos de viajante."
    Muito obrigado, querida por este momento
    que você me proporcionou!
    Você é uma Poetisa grandiosa, luminosa e sábia.
    Abraço de admiração.
    Felipe.

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    Respostas
    1. Querido Felipe,
      Primeiro agradecer a Narinha, por te sido a
      ponte de você chegar aqui.
      Sinto-me tão privilegiada com a sua presença
      em leitura, olhar, atenção e bela apreciação
      do que eu escrevo, acrescentada com a sua generosidade
      que me emociona sempre!...
      Fico feliz de fazer parte do mesmo grupo de humanos
      em que você pertence, um Ser Viajante com os seus
      próprios sonhos e o sublime na alma.
      Muito obrigada, Felipe!!!
      Por gentileza, não deixa de viajar por aqui,
      preciso dos seus olhos taoistas pousando no
      que eu escrevo...rss
      Abraço enorme de gratidão!
      Su.

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  2. A viagem da autenticidade...
    Que o teu caminho seja reconfortante, Suzete!

    Um beijinho :)

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  3. Límpida e louvável forma de caminhar. Nesse tabuleiro chamado vida, onde muitos se perdem em blefes, fica difícil encontrar a autenticidade. Passar ao largo dele é ato de sabedoria. Que você assim é, fica transparente em seus escritos e seus versos ficaram lindos. Grande beijo, Suzete!

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  4. Suzete

    Eu também não sei jogar...e sabes que mais? Acho que é uma grande virtude!

    Beijinho

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  5. Boa tarde Suzete.
    Que lindíssimo poema, me prendeu no começo ao fim, eu também não sei jogar, para ser ainda mais sincera nem sei direito lidar com jogadores[as] na vida. Admiro muito as pessoas verdadeiras, transparentes. Uma abençoada semana. Abraços.

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  6. Sempre me encanta ler tua poesia. A beleza da transparência, o ser-se no olhar, na caminhada solta, nos gestos abertos. Mais um passo na identificação ? (rsrsrs)

    Admiro tua inspiração ao escrever em jeito de poema. Arte nobre. Nada fácil.

    Sensibilizada pela presença sempre terna em 'fragmentos'.

    Uma linda semana!
    Beijinhos

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  7. A imagem (Linda!) me remete para Michelle Pfeiffer. Actriz que admiro. Me engano?

    Beijo

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  8. A imagem (Linda!) me remete para Michelle Pfeiffer. Actriz que admiro. Me engano?

    Beijo

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  9. saber jogar depende de quem joga, mas tu sabes sonhar e isso é tudo para a tua alma de Poeta
    boa semana e boa inspiração
    beijo
    :)

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  10. Boa noite Suzete.
    Linda obra, me vi em tuas linhas... O melhor de não saber jogar é que vivemos de forma mais verdadeira, mesmo nos enganos, sempre doamos a pureza do nosso sentir.
    Lindo aforismo em versos, parabéns!
    Meu carinho mais doce e gratidão pelo acesso, lu.

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  11. O mundo do sonho real é um caminho feito de abertura, de transparência, e de uma profundidade carregada de leveza, em que a consciência não pesa, porque o avisado viajante sabe que não deve viajar com muito peso. ..;-) O calculismo, o jogo de ganhos e perdas, o disfarce, ficam para quem fica sentado, congeminando suas jogadas rasteiras.
    O "tabuleiro da vida" existe, a diferença está sempre entre querer jogá-lo ou não. A quem gosta de lançar "artifícios e armadilhas" que os deixemos a jogar sozinhos. Pode ser que um dia decidam entrar em competição apenas com eles próprios.
    Um poema soberbo, Suzete. Sobre a necessidade de autenticidade, que só pode ser atingida na verdade e na transparência. E o lado ético que isso implica.
    xx

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  12. "Não sei jogar,
    Todos os meus sonhos me pertencem
    E cabem nos meus olhos de viajante."
    E como é bom que assim seja, Suzete. Há uma liberdade infinita, um palmilhar sereno, de cabeça erguida e sempre com as contas em dia!
    Nada paga a nossa independência, seja ela de que natureza for. Infelizmente, há cada vez menos essa possibilidade, sobretudo entre os jovens. A competitividade é feroz e, quantas vezes, têm que se subjugar e fazer aquilo que não gostariam. Por isso destaquei os 3 últimos versos...
    Excelente trabalho poético sobre uma realidade que, quantas vezes, atrofia os sonhos de quem gostaria de os concretizar por mérito próprio.
    Bjo :)

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  13. Suzete , desde menina nunca soube jogar . A autenticidade tem seu preço mas é tão leve , concorda ? Adorei o poema , como sempre . Beijos

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