quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Às Vezes Tem Dias Assim





               



                Às vezes tem dias assim,


            que nos consomem sem existência...

            Uma sensação profunda de estranheza,

            um esforço em busca de beleza

            que está ao nosso alcance:

            o cheiro da chuva,

            a dança das folhas ao vento,

            o som do mar sobre as pedras em explosão.

            E retorno para o início:

            onde a estranheza, na sua pequenez

                  tornou-se liquida

                                lacrimosa

                                          num sentir

                                               rendido

          pela contemplação da vida

                  na sua beleza maior.



        Às vezes tem dias assim,

        pintados de tristeza...

       Mas, abrindo a janela para a natureza;

       todas as cores iluminam

            um novo sentir,

       refeito de vida que pulsa

                       a música

                                do ritmo

                                     de cada dia...



     Às vezes tem dias assim,

     cansados na rotina;

        pessoas,

        tarefas,

       notícias.

    Mas nunca canso

    de abrir a minha janela à natureza,

   com as minhas asas abertas

                            voar neste sentir,

                                           que me ressuscita.



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem do Google

(reedição)

12 comentários:

  1. Temos mesmo dias assim, mas a renovação acontece,ainda bem! bjs praianos,chica

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  2. Fascinante forma de fazer poesia. Adorei :))

    Hoje:- Teus lábios querem devorar-me...
    .
    Bjos
    Resto de uma boa Quinta-Feira

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  3. Se há dias assim, Suzete, e quantos!
    E todas as emoções referidas se vão querendo instalar, devagarinho, sem acordar o ninho da alma. E há dias em que a própria natureza está em consonância com com o que sentimos. E o que vemos, embora cheio de luz, é sombra que se apega ao nosso olhar.
    Mas há outros dias em que no silêncio de nós, olhamos o que nos rodeia, e tudo nos fala, fazendo cantar música como este fantástico poema, e nasce outra melodia que no obriga a restaurar a alegria.
    Há dias assim!
    Beijinho grande! **

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  4. "Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu", é a roda vida de que nos fala o grande Chico. O poeta que se abre para as grandes ou pequenas dores.
    É tão bom saber que você tem uma abertura inviolável, que é a sua janela, donde você pode respirar ou escutar a sua voz "perdida" por um momento...
    Um beijo grande, minha amiga!

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  5. Suzete , incrível como temos sintonia .
    Não sou poeta , como você , mas hoje , no poema de Mia Couto que postei , ele descreve como há dias assim .
    Viajantes de fevereiro , não é mesmo ?
    Beijos

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  6. Às vezes tem dias assim... A repetição em cada verso ficou lindo. Sempre tem dias assim, e chegam sem nos darmos conta pois não são raros. Fazem parte da rotina. Dias de melancolia, dias de tristeza, de saudade, de nossas indagações, e de felicidade - é claro. Dias mais introspectivos ou de euforia. E assim é a vida, sem muita constância, sem nada programado. Mas só pelo fato de estarmos ainda vivos, de poder olhar a vida e conviver com ela plenamente, diria que mesmo com dias assim, assim... vale a pena! E às vezes me pergunto onde está o sentido de tudo, se algum dia tudo vai parar pra mim? pra nós? 'Às vezes eu tenho dias assim'...Belo poema!
    Um beijo, Suzete, um ótimo fim de semana!

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  7. As janelas resolvem muitos problemas, nomeadamente quando estamos em baixo...
    Parabéns pelo poema, é magnífico.
    Bom fim de semana, amiga Suzete.
    Beijo.

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  8. há dias assim, de facto - dias do avesso!
    mas há sempre no fundo tristeza uma janela disponível que se oferece à evasão e à fantasia. e então novamente o voo se abre e a "vida ressuscita"...

    subtil vibração a deste poema tão belo, minha amiga

    beijo

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  9. O teu belo poema diz tudo: apresenta a perturbação e o remédio, (numa construção dicotómica): quando algo nos perturba, sem que haja um forte motivo, há que olhar para lá do fechamento da alma.
    Bjinho, querida amiga :)

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  10. E o poema é janela a abrir horizontes poéticos - belos e infindos.

    Mais uma leitura que enche o peito. Como uma felicidade latente.

    Beijinhos, minha amiga.

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  11. Um poema lindíssimo... que eu já fui anotando... no meu caderninho de destaques... pois tem ainda por aqui, um monte de imagens de borboletas, para sair... :-D
    Adorei cada palavra... para ler e reler!...
    Beijinhos
    Ana

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