De certo o deserto espuma de mim. Oceano assim, assim... (Suzete Brainer)
segunda-feira, 1 de abril de 2013
Transfiguração
Uma dor adormecida
latejante e esquecida
Remexe retalhos
Encaixotados na memória morta
Sepultados na
Sua inutilidade e insignificância-vida.
Uma dor ressecada
Desprezada
Do ritual das lágrimas
Que dignificam a dimensão
Sentida.
Uma dor galopante
Por minutos efetivos
Do afeto ferido
Petrificado em distância
Do abismo limítrofe.
Um espaço construído
Entre pontes e janelas
Da alma existente
Que inabalavelmente
Flutua
Em ventos
Em asas
Leve
Livre
Ausente...
Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)
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Que divina poesia Srta, parabéns! As asas doam liberdade a dedos poetizantes... abraços
ResponderExcluirTransformar as lágrimas em rios
ResponderExcluirMas rios que correm floridos
As dores como gavetas velhas
(guardadas) (renovadas)
Do abismo construir pontes,
Pontes para o sorriso, transfigurado como se fosse um voo,
Como um punhado de terra levado pelo vento…
Um poema, de força de alma.
Adorei, amiga :)
Beijinhos !
Suzete,
ResponderExcluirTem uma sensibilidade à flor da pele, plena de dádiva. Obrigado.
Beijo :)
Um exemplo belíssimo de transfiguração é a Bailarina e eu te parabenizo pela acertada escolha para o teu poema. Isto mostra a tua sensibilidade poética e tua forma profunda de manter essa irmandade com as coisas e com as dores do mundo. Muitas vezes a dor que julgamos adormecida teima em voltar como fantasma e, feito a bailarina, que é muitas vezes obrigada a transfigurar a dor que dilacera os pés dentro da sapatilha, para mostrar só beleza, harmonia, graciosidade...Feito essa garça, branca, etéria, quase nuvem, como a foto que ilustra o poema. Estupenda a tua inspiração. Por ela se percebe uma fluidez de imagens vinda do lado criativo do cérebro direito. Nada de formalismos e nem experimentalismos pedantes, que mais parecem poesias feitas por computadores.
ResponderExcluirBelo!
Um Beijo.
A dado momento (tempos depois, bem depois, do tormento) a mágoa parece cristalizar-se
ResponderExcluirDe seguida, o tempo corre, passa, percorre (em aparente solidificação)
Às tantas, a ilusão e o convencimento ("apenas" uma longínqua memória)
Mas
Como conter a dor
Se as lágrimas se escrevem, em todos os seus rituais
Como conter incontidos versos
quando o poema se forma em significantes formas
Todo o espaço é abismo
Toda a dor é latejante
Mesmo quando flutua
Mesmo quando se ausenta
Tocante.
Bjo.
Mesmo a dor é vida: umas vezes mais latente, outras mais adormecida (quase como um vulcão); nunca se sabe o momento em que a dor afetiva e efetiva se revela, verbalizada em versos de sensibilidade e leveza, como se "atirada ao vento".
ResponderExcluirMais uma beleza poética, querida Suzete!
Bjos :)
Adormecida a dor, mas sentida - latejante.
ResponderExcluirSer alado com a dimensão do infinito.
Sinto que a dança é um sentimento profundo e uma libertação.
Fazes-me flutuar - sempre.
Beijo.