Às vezes sinto
esta faca me cortando por dentro.
Um nó
enovelado
deslizante
ao encontro da
incompreensão
ao rés de mim...
Os cortes
levam-me a dissipar
a ilusão que carrego.
Solidão liquida
bem ao alcance da minha
alma,
bem perto do nada do
mundo.
Neste fio eletrificado
dos dias acesos,
emana o sopro
do meu rio que segue
A nudez da alma
(re)colhida
(re)colhida
do mergulho
no nada
que revela a
desimportância
de ser importante.
desimportância
de ser importante.
Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)
Imagem: Obra de Lídia Wylangowska.
Li o seu poema várias vezes, porque é profundo e encerra aspetos bem interessantes.
ResponderExcluirOs meus aplausos para este seu excelente poema.
Tenha uma boa semana, minha amiga Suzete.
Um abraço.
Essa faca simbólica do sofrimento fracturante que nos pôe de rastos, pela incompreensão que assola. Como diria Florbela Espanca ; " Quem nos deu asas para andar de rastos?..." Um estado de espírito que nos horizontaliza em vez de nos fazer elevar, que nos faz descrer da ilusão e do sonho que a acompanha. O "lugar" ou dimensão em que o vazio se une ao nada do mundo, como se toda a importância do ser se desvanecesse na sua desimportância perante a desfaçatez do mundo.
ResponderExcluirUm dos mais belos poemas que já aqui li, e olha que são todos excelentes! :-)
Obrigada, querida Suzete. Gostei muito.
xx
...e todavia, precisamos também de cuidar de nós...
ResponderExcluirbeijo amigo
bálsamo e pétalas no gume dessa nudez ferida...
ResponderExcluirdói de tão belo - teu poema
beijo
Boa noite, Suzete. Adorei seu piema do inicio ao fim, reli e senti uma profundidade imensa nela.
ResponderExcluirQuantos cortes sofremos porque não conseguimos evitar a fraqueza de nós mesmos.
Fechou perfeitamente, pois nada interessa na essência do que a nudez da tal falta de importância.
Parabéns!
Excelente mês de Novembro.
Beijos na alma.
Que belo instantâneo, que belo gesto vital.
ResponderExcluirE o que dizer do dinamismo imagístico que aflora de cada verso?
E o que dizer da sensibilidade perceptiva capaz de apreender, nas malhas da sua atenção, o essencial da realidade neste instantâneo?
E o que dizer da densidade que se impregna na atmosfera poética deste poema? Esta “faca cortando por dentro”, que nos faz apreender a consciência e a preocupação com a linguagem poética.
É para tirar o chapéu.
Parabéns pelo belo poema!
Forte abraço, Suzete.
A procura da simplicidade, do essencial, uma viagem de crença e ousadia ao mais profundo de nós...
ResponderExcluirMuito bem, Suzete!
Um beijinho :)
Suzete, como é belo o sentido de seus versos! Estar consciente torna gritante a ferida imposta pela desilusão frente a uma realidade que não foi sonhada. O que é ser importante quando o vazio impera e a representatividade é negativa? Lá, onde estamos nus, percebemos, com clareza, que fora mora o nada. Parabéns, querida, pelo talento e pela sensibilidade!!! Bjs.
ResponderExcluir"A desimportância de ser importante"...
ResponderExcluirParabéns!
Maria Luísa
"os7degraus"
Não apenas belo, mas doído, machucado, poema moído na alma que em cortes passa a ter consciência da "desimportância de ser importante". Ilusões desfeitas, rio que segue... Belo! Tão belo (ou mais, se possível for) quanto os demais de sua lavra de riquíssimo conteúdo.
ResponderExcluirSuzete, minha querida, que as horas dos teus dias cheguem inundadas de sorrisos e de estrelas para iluminar cada vez mais os teus caminhos.
Meu carinho num beijo,
Helena
"A desimportância de ser importante" Essa inquietações também me fustigam, me tomam de assalto, meu eu em pedaços, dividido, espalhados pelo chão. Essas inquietações, um mal estar no mundo, uma inequação. Tantas perguntas, tanta ânsia de respostas, uma eterna insatisfação. Muito bom, Suzete, reflexivo. Aprecio. Abraços!
ResponderExcluirCorreção: Onde digo "Inequação", quero dizer na verdade, "Inadequação".
ResponderExcluirOlá querida Suzete,
ResponderExcluirEstive aqui às duas da madrugada, mas o sono estava atrapalhando a minha concentração na leitura. Naquele momento, após a primeira leitura do poema, senti necessidade de voltar para ler mais desperta, haja vista a profundidade do mesmo.
Você foi fundo nesta inspiração.
A faca cortando por dentro impressiona. E como corta, principalmente quando nos detemos em reflexões sobre os caminhos do mundo ou mergulhamos no fundo do nosso ser, onde tantas questões costumam nos assombrar e/ou deixar pontos de interrogação sobre a alma humana e sobre nós próprios. Os cortes, muitas vezes doloridos, despertam a alma para verdades absolutas, nubladas pelo cotidiano. Caem as ilusões, mas o rio da vida prossegue em seu curso, com desvios mais sábios e altruístas. E, a partir daí, já se tem consciência da 'desimportância de ser importante', pois o que realmente importa são os valores que levaremos ao atravessarmos a fronteira para a eternidade.
Belíssimo!
A obra de Lídia Wylangowska é fantástica e está em perfeita sintonia com o poema.
Beijo.
Belo poema...Espectacular....
ResponderExcluirCumprimentos
Qualquer mal estar, seja de índole pessoal ou social, quando traduzido pelas palavras adequadas à ferida da alma, produz no leitor um sentir idêntico, através da estética poética. Mas o poeta tem esta força: sente, exorciza, reergue-se e volta a sonhar.
ResponderExcluirBelo, muito belo, este teu poema!
Bjo, querida Suzete. :)
Belo, bjbj Lisette.
ResponderExcluirO gume da faca. A ilusão. A nudez da alma. Tudo em palavras que tornam belo este poema.
ResponderExcluirUm beijo.
Gostei demais , Suzete . " A faca que corta por dentro ", foi descrita com maestria . Muito bonito seu poema . Eu a parabenizo e a agradeço pela partilha . Beijos
ResponderExcluirNossa,dizes que tens uma faca a cortar-te por dentro,nossa,no dia em que escreveste isto devias sentir-te a pessoa mais triste e infeliz do mundo!! Tomara-me que essa faca já tenha desaparecido!! http://mundoteenagerofsophia.blogs.sapo.pt
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