sexta-feira, 15 de abril de 2016

A Escultura da Alma











Palavra nua e crua
Ecoando no ventilador,
Os ruídos aniquilando o silêncio de dentro,
Guardados numa suave lavanda depois do banho.

A poeira dissolveu tudo num instante,
Entre a porta da frente
E a janela dos olhos.

Os pensamentos voltaram a girar
Nas borboletas feitas de sorrisos passados.

A folha do amanhã
Aberta para a tecla de novos passos...

Os olhos brilham
Sem a sombra da nostalgia do ontem.
Uma alegre conhecida se apossa:
A lucidez com aquela pitada
De ousadia, na contramão da tristeza envelhecida,
Com suas páginas amarelas a preencher
Inutilmente a morte das horas.

Algo não se deixa levar para a morbidez,
O Sol na pele arde
No chamado da vida,
Na urgência do sorriso transgressor
Sem rotina
Sem amarras
Sem garras
Sem brigas.

A paz boiando sobre o corpo
Na escultura da alma!...




Suzete Brainer (direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Lauri Blank 








22 comentários:

  1. Querida Poetisa Suzete,

    A sua Poética é muito profunda, não é para ler com
    pressa, não é para se enganar com a sua simplicidade
    sofisticada (de quem domina a linguagem...), com os
    múltiplos significados da sua rica e bela imagética,
    existe uma sutileza filosófica presente:
    da valorização da singularidade, valorização da vida,
    valorização dos enfrentamentos da realidade nua e crua,
    que se torna na mais pura Poesia, original do seu
    caminho luminoso de Ser Poesia!!

    Este vídeo escolhido com a música e a coreografia
    ficaram uma perfeita harmonia expressiva do seu
    imenso Poema deslumbrante.

    Estava viajando, fiquei ausente daqui, do seu espaço
    de arte poética e literária que prezo tanto.
    Consegui ler algumas das suas postagens, mas não
    tinha meios da net para lhe comentar...rss

    Deixo o meu abraço de enorme admiração pelo seu
    talento original sempre!!
    Felipe.

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  2. Muito grata, Felipe!!!

    Este seu olhar generoso e analítico (na excelência)
    que sobrevoa ao que eu escrevo e me diz tanto, no
    surpreendente da profundidade que a sua atenciosa
    leitura decodifica num caminho tão original e único
    que toca nesta essência poética expressada.
    Uma luminosidade sua fica na minha alma ecoando
    esta preciosa compreensão!...
    Abraço Grato.

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  3. Querida Su,

    O título lindo, a imagem um encanto para o poema e
    o Poema Magnífico!
    O Poema é belíssimo com uma melodia crescente e
    decrescente. As metáforas, tua construção de mestra
    da imagética, sempre originais e hipnóticas...rss
    Esta metáfora ficou ecoando em mim, tão bela, bela:
    "A poeira dissolveu tudo num instante,
    Entre a porta da frente
    E a janela dos olhos."
    Acompanho a tua Grande Poética, tu tens um padrão
    de qualidade poética superior, este teu Poema
    alcançou o máximo da criação poética numa beleza
    sublime. Cada palavra exata no seu espaço expressivo
    e metafórico.
    O vídeo é sensacional, a expressão corporal do
    teu poema "na escultura da alma!..."
    Grata pela leitura de hoje e estou indo com o
    eco poético na escultura da minha alma...rss
    Beijos e abraço saudoso de almas irmãs.
    Nara.

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    1. Narinha,

      Tu és uma querida, a tua alma é generosa e poética,
      sendo assim: só pode ver, sentir e encontrar Poesia...rss
      Muito Grata, minha amiga e irmã de alma!!
      A tua apreciação é tão preciosa para mim, tu sabes
      né, querida?!...
      Beijo e abraço de paz nesta escultura de alma
      linda que tu tens!...rss

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  4. Boa tarde minha Querida amiga.

    Foste majestosa! Mística e iluminadamente majestosa!

    Não encontro uma só oração de verso que não traga muita bagagem luminosa, cada linha é um farol-estrela guiando o oceano azul de uma alma consciente e de águas tranquilas.

    A janela destes teus olhos sempre há de nos apontar para uma melhor visão. Lindo, lindo e lindo... Parabéns!


    *Perdoe-me parar por aqui hoje, acordei com uma irritação nos olhos que virou inflamação, corri aqui para alimentar-me um pouco e deixar um carinho, mas, com limitações.

    Su, como disse ontem (muito acertadamente), escreva muito, permita-se mesmo, pois que tua sensibilidade é incrível.

    Obrigada pelo acesso.

    Fica com Deus minha alma Amiga, tão doce e linda.

    Beijos...

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    1. Querida Lu,

      Muito grata pelo teu olhar raro (com alma sublime...),
      a engrandecer o significado maior do que eu escrevo,
      uma felicidade para mim, esta nossa identificação
      poética e de almas.
      Cuida destes teus belos olhos e este teu olhar
      sensível, profundo e belo registrado na minha
      poesia é a marca das belas almas que existem
      neste mundo, ainda bem!...rss
      Beijos e abraço de alma para alma!

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  5. ps.: o vídeo, lindo! Postagem toda em harmonia, parabéns pelo labor!

    +Carinhos...

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  6. Depois de um banho com aroma de lavanda do que não necessitamos mesmo é de um ruído para destruir a nossa tranquilidade interior, e de qualquer poeira para de tudo ocultar a beleza. Mas a alma foi bem edificada e o pensamento logo surge para resgatar sorrisos, e o encanto, harmonia de viver prossegue na lucidez acompanhada de ousadia, sem resquício de nostalgia.
    Na paz do sorriso aliado ao sol se desafia assim o aborrecimento dos dias; corpo a proteger a alma tão serenamente esculpida. O segredo dessa harmonia do Ser que sempre almeja o Belo e consegue traduzir em versos de profunda magia, através de imagens sempre radiosas o mistério sobre o qual o poeta vive e se constrói.
    Sublime, Suzete! E também gostei muito do video; a beleza artística de um corpo a exprimir a alma.
    É um prazer Ler-te.
    Um belo fim de semana para ti, poetisa enorme!
    xx

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    1. Querida Laura

      O prazer é meu ler uma apreciação tão bela, inteligente,
      excelente e sensível que tu fazes do poema e todas as
      sutilezas numa perfeição perceptiva.
      Muito grata por ser lida por ti e o privilégio
      do teu olhar raro e profundo, Poetisa Enorme!!
      Um belo final de semana para ti também, viu?
      Beijos, minha querida!

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    2. Oh que exagero, Suzete!...Apenas me baseei mesmo no poema por nem saber bem como comentar. És muito querida, e sei como valorizas tanto quem te comenta.
      Obrigada pelas tuas palavras mas sou uma poetisa muito pequenina (ainda mais em altura);-))
      E fiquei tão absorvida pelo poema que até me esqueci da imagem, belíssima também.
      Uma semana com muitos sorrisos.
      xx

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  7. A partir do título já vamos nos encantando com seu passeio poético. Tantas imagens lindas nos chegam com seus versos! A vida chama, os olhos não perdem o brilho, a beleza e a esperança colocadas nos novos passos é sublime, já que a nostalgia se apaga com rapidez, diante de uma alma iluminada. O vídeo é maravilhoso.
    Você merece aplausos, Suzete! Bjs.

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  8. Lucidez e ousadia é mesmo o que precisamos na vida para evitar a morte das horas.
    Excelente poema, gostei muito.
    Boa semana, querida amiga Suzete.
    Beijo.

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  9. A "urgência do sorriso transgressor"... A alma livre, à solta pela vida... Um poema intenso. Um vídeo magnífico a ilustrar o Bolero...
    Que bom passar aqui.
    Um beijo.

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  10. Pequenos nadas, pequenos brilhos, alimento da alma...
    A vida envolve-nos, com a lucidez privilegiada parceira, a tocar nos pontos mais sensíveis da exigência.
    Mais um grande poema, Suzete!

    Um beijinho :)

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  11. Realmente, uma escultura da alma. Tão bela e perfeita,tão etérea e c(alma). Gostei imenssissimo, Su. Abraços.

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  12. Acabo de ler e a imagem que me surge é a de um batismo, a purificação da alma, um superior estado de harmonia.
    Traduzir este sentir em poesia, só para poetas dotados.
    A imagem e a escolha do Bolero de Ravel, aqui numa dança de pura beleza, acentuam a beleza do poema.
    Muito bom, querida amiga.
    BJO :)

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  13. Que belo poema, Suzete. Por onde escorre o ruído quente da lavanda e este repartir da escultura da lama bafejada pelo Bolero de Ravel. É uma espuma de luz purificando os nossos sentidos.
    O seu poema atravessa-me a pele. Belíssimo!
    Abr.,

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  14. "A paz boiando pelo corpo"
    "E os olhos que brilham"
    são partida e chegada, Suzana, são dentro e são fora.
    Beijo.

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